sábado, 26 de dezembro de 2009

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Já pararam para pensar sobre seus contatos no Orkut? Eu já tive Orkut uma primeira vez, e por motivos pessoais, cancelei a conta, voltando a ativar uma nova algum tempo depois. E quando o fiz, coloquei na cabeça que iria adicionar apenas algumas pessoas íntimas, do meu real convívio, nada mais do que isso. Porque para mim, o Orkut era um modo rápido e prático de se manter conectado com pessoas da sua estima, que você realmente não queria perder de vista.

Hoje, tenho a marca aterradora de 202 contatos no Orkut. 202. Devo falar com 20% dessas pessoas. Alguns contatos que você pára, olha pro avatar, e não consegue entender o que o mesmo está fazendo ali, na sua lista de "amigos". E pior: Você lembra que algumas daquelas pessoas foram adicionadas por você mesmo. Foi você que tomou a iniciativa de entrar no perfil do ser, e clicar no link "+ amigo". Hoje, não passa de um pálido avatar, e no máximo um "quem sou eu" interessante, com frase de algum escritor famoso, que teve uma sacada legal.

Lembro do começo, quando o Orkut era todo em inglês, que existiam poucas comunidades, e todas elas eram praticamente "institucionais", como por exemplo: History. Tudo sobre História, desde debates polêmicos, até simples curiosidades estava lá. Suas perguntas eram respondidas, e se ia muito mais além, com debates profundos e interessantes a respeito dos mais variados temas. O Orkut era realmente uma ferramenta interessante de interação e aprendizado.

Hoje, tornou-se um instrumento de término de relacionamentos, com os scraps sendo a prova tão cabal de um crime quanto um beijo no colarinho ou um número de telefone anotado num papel amassado, e escondido na parte de guardar moedas da carteira. E lá estão aqueles 202 contatos. De repente, você sente vontad ede promover uma "faxina" naquilo, limando boa parte das pessoas que são completamente irrelevantes à sua existência, e vice-versa. Quando o faz, a pessoa limada aparece, revoltada com a sua indelicadeza de retirá-la do privadíssimo círculo de contatos Orkutesco.

Era legal quando o Orkut não era infestado por comunidades como "toalha nova não enxuga" ou "abro a geladeira pra pensar". Não sou um inimigo do riso ou da boa piada, nem sou Mau (ótima), mas acho que, certas vezes, rigor e disciplina são legais.

Mas realmente, toalha nova não enxuga. Mistério isso.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Visões

Agora, olhando algumas fotos antigas de momentos bons que passaram, me dá um sentimento de nostalgia. Fato esse que deve ser normal para a maioria das pessoas comuns, mas chega a ser meio nocivo pra mim. Rever fotos de momentos e de pessoas, nos remete ao contexto de que aquele momento é único e, por essa razão, não pode ser repetido.

Mas a unicidade do momento é uma faca de dois gumes para mim. Olhando fotos com pessoas queridas, que atualmente não estão mais tao perto de mim, eu fico me perguntando o que deu errado no meio do caminho, para que se construisse esse distanciamento, ou onde ocorreram obstáculos ou erros de ambas as partes, que não puderam ser superados, vencendo um aparente momento de amizade e união.

Fotos podem retratar muito mais do que simples momentos bons ou ruins que você passou. Retratam momentos, onde é possível realizar uma retrospectiva de sua vida. De trajetórias, de atitudes. De como alguns sorrisos que você vê em determinada foto, não são mais vistos. Que abraços dados não são nada mais do que lembranças, que a própria fotografia faz questão de passar na sua cara, dizendo "olha aqui, você já conseguiu fazer isso."

Rever momentos aparentemente banais, como uma reunião da turma da faculdade, turma essa que não existe mais, nos leva ao patamar de que talvez voce passe anos para reencontrar algumas pessoas, e que estiverem por tanto tempo tão perto de você, como a fotografia mostra, sem chance de negação.

E aí você começa a pensar em como seria a sua vida se determinadas pessoas tivessem permanecido no seu convívio. Se você teria sido mais feliz, ou então como será que está aquele amigo que você julgava inseparável, e que se perdeu no tempo

Eu realmente não sei como lidar com fotos. Gosto de vê-las, mas às vezes elas comprovam coisas irrefutáveis: Você falhou.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Burrice saudável

Churrasco com os alunos. Típica confraternização de final de ano, a não ser por algumas particularidades: 1) Você é o mais velho, aquele que inspira responsabilidade e calma. 2) Se houver alguma zebra, todos recorrerão à você, e se algo der errado, a culpa será sua. 3) Todos confiam em você para acender o fogo da churrasqueira.

Nessa festa ocorre algo interessante: É uma das únicas confraternizações de que me lembro onde não existiu nenhuma fagulha de falsidade, nem grupinhos que se odeiam e que rezam para alguém escorregar e bater a cabeça na borda da piscina. Todos em perfeita harmonia, batendo bola, arrancando o tamboque do dedo do outro, arrotando discretamente, escondendo o bucho ou as celulites. Todos figuraças.

Você, como bom líder que é, não gosta de centralizar as decisões, e delega tarefas para outros, fazendo com que todos se sintam úteis e responsáveis, no complexo teatro das festas de fim de ano. Entre as tarefas delegadas, ficou a de acender o fogo da churrasqueira. O que se propôs a acender, chegou e disse: Sempre acendo a churrasqueira nos churrascos lá em casa. É mole

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Tentar escrever algo sem parar e sem pensar muito, só pra ver no que dá. Tente o máximo de tempo possível manter seus dedos trabalhando, parando apenas para consertas erros de português. Parece que a burrice acompanha os idealistas. E já pararam para pensar no que significa realmente idealista? Porque as pessoas só pensam nessa palavra no cunho político? Pelo menos, a maioria delas.

Cada dia que passa, eu só consigo pensar que a burrice é, ao mesmo tempo, uma benção e uma mazela, e que sempre caminhará com esses dois gumes, ao lado dos idealistas. Idealizar algo, ou alguém, é muito mais fácil do que idealizar a si mesmo. A decepção que se tem quando o que se quebra é o ideal que você tinha de você mesmo, é de cunho muito mais violento e nocivo.

Sempre lutamos para melhorar como pessoa. São raríssimos os indivíduos que se sentem satisfeitos consigo mesmo. Nem vou entrar no mérito se isso é bom ou não, porque daria uma discussão totalmente inútil e, ainda por cima, infinita. Mas o fato é que sempre tentamos vencer nossos defeitos. Sempre tentamos ser pessoas melhores, com mais atrativos. E isso não é para que os outros vejam ou percebam. Isso é para nós mesmos. Também não tem - muito - a ver com ego. É simplesmente uma satisfação de dever cumprido. De ter melhorado como pessoa falível, que todos somos.

Mas melhorar é muito difícil. E quando não conseguimos, idealizamos. O perigo maior é dar a essas idealizações, status de verdades. O clássico "sonhar acordado". É muito triste ver uma pessoa de 23 anos de idade, completamente desiludida e frustrada. Mesmo vivendo tão pouco.

Falta propósito. Os que você elegeu, surgem intangíveis.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Why?

"Starting from zero we've got nothing to lose"

De vez em quando nós desejamos tirar férias das coisas que sentimentos, ou, como eu costumo dizer, tirar férias de alguns erros que cometemos, e cometeremos até o fim de nossas vidas. Aqueles murros em pontas-de-faca, os quais nunca conseguimos nos livrar. Aí vem todo aquele papo de amadurecimento, evolução, desenvolvimento, e todos esses conceitos que podem ser usados na auto-ajuda, a depender de quem os utiliza.

Às vezes não nos importamos em ser covardes; em colocar a cabeça dentro de um buraco e esperar a tempestade passar, ainda que sua bunda fique exposta. Como você não vai ver, tá tudo certo. Mas isso não quer dizer que o cansaço não apareça e, como sempre, não frustre. Sempre vemos em filmes bestas, cenas de personagens que resolvem largar tudo, ou simplesmente dar uma guinada na vida, usando uma outra ótica sobre sua existência, etc.

Mas isso não é inteiramente necessário. Na verdade, recomeçamos todos os dias. Quando saímos de casa, seja para a praia beber, seja trabalhar ou estudar, partimos em busca de algo, que muitos não sabem sequer o que é. Saímos a espera de encontrar um alvo certeiro que possa nos seduzir, e aí sim, depois disso, começarmos a descer a âncora, parando um pouco de procurar.

Será que não temos mesmo nada a perder, quando começamos do zero? Aliás... Será que é possível começar do zero?

Não.

sábado, 26 de setembro de 2009

Hoje o tempo voa, amor.

Ouvindo essa obra prima do mestre Lulu (sim), me lembrei de uma parte muito significativa da minha infância. Me lembro que, de 1 ano de idade, até uns 15, 16, eu ia todos os fins-de-semana para a minha casa de praia, em São José. E, nas férias de Janeiro, ia também. Chegava depois do ano novo, colocava uma sunga e só tirava dia 31. Ela praticamente andava sozinha pela praia, tamanho era o uso. Em São José, minha casa vivia sempre cheia de gente. Cheia de gente sorrindo. Era sempre alguém entrando com carne pra churrasco, com gelo pras bebidas, com braços abertos pra abraçar.

Na frente da casa, haviam duas árvores, que davam umas flores amarelas, que não serviam pra muita coisa, a não ser se configurar como as duas traves das peladas que rolavam ali, todo santo dia. Começou comigo bem jovem, e, depois, foi se transformando numa rivalidade forte, com Rodrigo, meu vizinho. O cara sempre jogou muito melhor que eu, mas eu era bem melhor goleiro que ele, o que deixava tudo empatado. O desempate, geralmente, eram as malditas pedrinhas que se escondiam na areia, que sempre tiravam metade do dedo de algum infeliz.

O quintal da casa era bem amplo. Tinha um chuveirão, pra quem vinha da praia. A pessoa entrava pelo lado da casa, pra não sujar a sala (segundo mãe) e ia direto tirar o sal no chuveirão. Ele era ligado diretamente no cano da caixa d'água, ou seja, água fortíssima. Cura ressaca, diziam alguns. Quantas vezes não tomei esporro por esvaziar a caixa só por tomar alguns minutos a mais aquele banho maravilhoso.

Mas, sem dúvida, o que mais me lembro, e o que mais sinto falta, obviamente, é do caseiro. Aliás, caseiro o caralho. Seu Edílson. Até hoje não encontrei pessoa mais pura, honesta, e íntegra do que ele. Uma pessoa com um sorriso puro, que tinha o lúdico nos olhos, ao ponto de jogar barra-barra com uma criança de 8 anos, e não parar de fazê-lo até os 16 anos. Muitos anos de vitórias, derrotas, "tamboques" de dedo e, acima de tudo, felicidade. Que cara sensacional.

Íamos visitar os hippies, na praça da cidade. Todos um bando de cachaceiros que colocavam roupas de hippies durante a alta estação. Conhecia todos, e Edílson também, comprávamos colares do Bob Marley a preço de custo. Não éramos turistas! Lembro da risada dele, e do fato de quase ser demitido por não comer 8 ovos que ficaram na geladeira por 8 meses, simplesmente porque meu pai não tinha dito para ele comer.

Me ajudava demais, simplesmente sorrindo pra mim, pescando com cara de bambu em jangadas ancoradas no mar. Não fazíamos idéia de quem eram as jangadas, mas e daí? Também não pegávamos peixe nenhum mesmo. Mas os meses de Janeiro eram, sem dúvida, os que eu me sentia mais vivo. Mais completo. Tinha um amigo de quase 40 anos que, sem qualquer tipo de instrução, era mais honesto e prazeroso do que qualquer outro.

Sinto muita falta de Edílson, que, depois de quase 17 anos, não pôde ficar conosco, por conta da falta de grana. Espero, do fundo do coração, que esteja bom. Tem gente que nasceu pra ser feliz. Se Edílson nasceu assim, não sei, mas a felicidade está em cada gesto dele. Eu lembro.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Lágrimas.

O menino quase nunca chorava, apesar de ter motivos para tal.

Ocorriam os mais diversos problemas, de toda ordem emocional, para com ele diretamente e com sua família. Isso, obviamente, respingava nele. Apesar de se dizer racional e independente, ele tem determinadas raízes muito bem fincadas com seu pai e sua mãe. Mas, mesmo assim, o menino não chorava. Quando havia algum problema ou situação onde o choro seria uma reação esperada e completamente normal, ele reagia com raiva, com um excesso de atitude, visando encerrar aquilo o mais rápido possível. Era raçudo ele. Muitos diziam que ele se fazia de forte. Que não queria preocupar ninguém; que não queria ser mais um estorvo, causando comoção em outras pessoas, já tão assoberbadas, com seu choro inútil. Nada disso.

Ele tinha um problema maior: O menino não conseguia chorar. Passava meses, semestres, anos sem conseguir derramar uma lágrima sequer. Muitas vezes ele forçou seus olhos, tentando buscar alguma resposta dentro deles, para seu rosto ficasse inchado, e os olhos vermelhos, para assim sua face tornar-se mais fiel com o que ele sentia dentro de si mesmo. quase nunca obtinha sucesso. Ele não chorava, e as pessoas ficavam espantadas com isso. Não era aquilo que elas esperariam de uma pessoa normal. E exatamente por isso, ele tentava chorar: Porque era exatamente aquilo que os outros esperariam. Seria o compreensível.

Mas ficava tudo dentro dele. O menino dizia que "chorava pra dentro", que as lágrimas caiam dentro de seu corpo, pois seus olhos pareciam secos para o lado de fora. e olhe que o garotão já havia passado por situações-limite, de cunho emocional. Mas ele parecia ter uma dificuldade acima do comum de chorar. Nada a ver com machismo ou qualquer outro "ísmo" idiota. Ele simplesmente não encontrara situação que explicasse e/ou definisse tal ato (ou falta de ato). Ele sempre fora muito preocupado com o que as pessoas estavam esperando dele. E, em virtude disso, ficava decepcionado quando não conseguia transmitir para os demais, o que ele queria que vissem.

Foi exatamente isso que fez o garoto chorar de novo. E como foi boa a sensação. Sofrer, e conseguir traduzir isso em lágrimas. Abundantes, caudalosas e sinceras. Ele chorou, e ao mesmo tempo parecia satisfeito, por ter desafogado, pelo menos um pouco, suas mazelas em uns pingos d'água. O piso do seu quarto, mais especificamente onde fica a cadeira de estudos, ficou tremendamente escorregadio. Enxugou com um par de meia sujo, que sempre estava por perto. O menino chorou, chorou. Buscou respostas e, subitamente, muitas delas apareceram.

Sua cabeça parecia estar tão cheia de lágrimas represadas, que não havia espaço para as respostas passarem.

domingo, 26 de julho de 2009

Blackfield

Sabe quando você para e começa a pensar na sua vida, naquelas retrospectivas super completas de 5 minutos? Geralmente, isso ocorre quando colocamos a cabeça no travesseiro, uma vez ou outra. Pode ser do dia que passou; de um trabalho concluído, de sua infância até certo ponto. Enfim, o intervalo temporal pode ser definido de qualquer forma, a gosto do freguês.

E às vezes, quando eu faço essa retrospectiva, um sentimento é muito recorrente: O de que minha vida e minhas atitudes andam em círculos. Que eu simplesmente não consigo andar pra frente. Que minha preguiça e insegurança me fazem não atingir minhas metas traçadas. Parece que eu sempre tenho que olhar para trás para buscar alguma solução, e não pra frente.

Por que para mim não existe o futuro. Não existe a perspectiva dele. Tenho sonhos, como todas as pessoas têm. Quero realizá-los, como todos os outros. Mas existe uma sensação de que esse tipo de realização não funcionará comigo.

Mas o fato é que, de vez em quando, andar em círculos é uma coisa surpreendentemente boa. Um amigo que lhe liga no meio da noite, depois de um dia difícil, e lhe chama para conversar. Um amigo que não tinha intimidade com você sobre assuntos pessoais dele, e de repente vê em você uma pessoa útil. Utilidade.

Ao redor da mesa, mais dois colegas, que você queria demais que subissem de posto na classificação social. Colegas o cacete. É uma sensação doentia de tentar ser amado, ou simplesmente saber que as pessoas sentem prazer em ter sua companhia. Mesmo fazendo tantas coisas erradas, e tendo tantos problemas de foco.

Eu não sei vou conseguir alguma coisa de relevante para mim, na vida. Eu sei que, quando eu morrer, seu serei lembrado por um tempo, e depois serei relativamente esquecido, como todas as pessoas normais são. Mas eu acho que consegui gravar alguma coisa de importante na vida de determinadas pessoas. E isso, para mim, soa como uma vitória. Como um objetivo alcançado.

Não tenho pensado em outra coisa, se não no amor.

O mês de férias está acabando, e eu tenho exatamente as mesmas metas que tinha quando o mês de férias do começo do ano terminou. Ou seja: Não andei. Vamos ver agora.

sábado, 4 de julho de 2009

Take a Picture.

Sabem, eu sempre fui uma pessoa constantemente decepcionada comigo mesmo, com um sem-número de pessoas e com a vida em geral. Sempre enxerguei um potencial imenso de felicidade que não é aproveitado. Por mim. Sempre pensei que poderia ser muito mais feliz do que sou, se conseguisse aproveitar tudo que a vida tem para oferecer. Por algumas razões, não posso ou não consigo.

Mas sempre obtive uma excelente fuga nos filmes. Certos filmes me dão muito mais esperança do que qualquer conversa com pai, mãe ou amigos. Certos filmes que vi e não me canso de ver quantas vezes eu puder, me fazem sempre acreditar de que a felicidade é possível como é visto neles. Não sei se realmente é, mas o notório é que, depois que eles terminam, sem vem um sorriso imenso no meu rosto, e uma vontade de chorar. Um choro de redenção. Tipo um "vai lá, porra!"

Um filme em especial, o qual não direi o nome aqui, por que muitos não entenderão, e que acabei de ver (são 4 da manhã), sempre me faz acreditar, sempre me faz ter fé. Uma fé que faz questão de não me largar, apesar de eu já a ter largado várias vezes. Muitas pessoas fazem uma imagem de mim como uma pessoa que eu simplesmente não consigo enxergar. Mas são tantas as pessoas que têm a mesma imagem, que eu começo a me perguntar se o errado e o burro não sou eu. Muito mais fácil que diversas pessoas estejam certas, do que apenas uma, creio eu.

Esse filme me fez ver que, às vezes, é preciso transpor limites, ou até mesmo criá-los, quando não se tem, para ser feliz. Rever conceitos e atitudes, e principalmente opiniões sobre si mesmo. Sobre o que é importante para você. Como se fosse uma foto. Incrível como esse filme, cheio de sorrisos e momentos bonitos, me fez ter vontade de escrever esse tópico, e em especial algumas frases que colocarei no final do post.

Muitas vezes, quando vemos alguém morrendo, ou uma pessoa que está prestes a morrer, mas que subitamente consegue se salvar, ouvimos delas que queriam dizer a muitas pessoas o quanto as amavam, mas que acharam que não teriam a oportunidade. Isso é verdade. A maioria das pessoas deixa passar esse tipo de sentimento ou atitude, a achando vergonhosa ou desnecessária.

Pois bem. Não se sabe o dia de amanhã, nunca sabemos o que acontecerá conosco, visto que não temos qualquer controle sobre nada. Tem tanta gente que eu amo, cada um à sua maneira, tanta gente que eu gosto, que chega dói. Eu amo muito, muitas pessoas. Queria que todas elas fossem muito, mas muito felizes. Mas não sei se terei a oportunidade de dizer isso a cada uma delas. Vou me esforçar ao máximo para cumprir isso.

Como num filme, essa declaração, quando sincera, pode fazer muita gente rever o modo de viver, e de ver a vida. Valores absolutos como amizade; comprometimento; companheirismo e amor, são baluartes que não podem ser separados da vida. Esses valors nos movem, nos fazem sorrir.

Nos dão esperança.

Eu amo muita, muita gente. Esse filme me fez ver isso com uma clareza maior do que eu sempre vi. Devia viver dentro de um cinema, devia viver em um lugar onde eu conseguisse ser sincero sem ser considerado frágil.

Amo vocês pra caralho. Sempre amarei, mesmo que às vezes não pareça. Amo muito, mesmo que sinta dor. "Can everyone agree that no one should be left alone"

Infelizmente, muitos serão deixados pra trás. Mas eu queria deixar aqui registrado. Fibra moral.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dead Can Dance.

Papo de pai pra filho.

"Vou buscar sua mãe no trabalho, tá a fim de ir?"
- Tô, bora nessa.

Boa Viagem-Afogados. Trânsito filho da puta, mas andando. O carro sem rádio, e andando na maldita imbiribeira, onde nem mulher bonita tem, nem sequer aquelas putas charmosas, que pelo menos dá pra olhar. Nem isso. Só lojas de móveis, motos, plantas e carros. Ah, e claro, estudantes de Universidades pagas.

"Porra, o time dos Estados Unidos é arrumadinho. A Espanha entrou de salto alto."
- Nem acho que tenha sido salto alto. Têm dias que a bola simplesmente não entra. O Villa perdeu duas na cara do gol, e a zaga americana nunca mais repete uma atuação dessa.
"Como é o nome daquele atacante galego da Espanha? Basílio? Muito bom.
- Que Basílio, porra. Torres. Joga no Liverpool.
"Ah... Muito bom ele."

Engraçado como Afogados parece outro mundo. Um lugar escuro. Ermo. Parece uma daquelas cidades-fantasma norte-americanas, onde vivem aqueles libertários, que são contrário a qualquer intervenção formal do Estado na sociedade. A diferença é que em Afogados têm postes quebrados e ladrões.

"O metrô tá em greve ainda?"
- Tá. Vai ser foda, os ônibus vão entrar também, a cidade vai parar.
" Vai mesmo. Como tu vai fazer pra ir pra faculdade?"
- Tô de férias.
"Desde quando?!"
- Desde ontem.
"Porra."
- É...

Chega-se no hospital que a mãe trabalha. Pega-se ela. Já entra no carro falando, típico de mulher:

"Vamos passar no mercadinho do Ciço, pra comprar nescau, pão e leite."
Pai: Tu só avisou agora por quê?
"Avisei hoje de manhã."
Pai: Avisou semana passada também, não conta.

(Risos do filho).

Chega-se no mercadinho, e o filho ia ajudar a mãe na árdua tarefa de pegar o Nescau na prateleira do Ciço. O Ciço deve ser o único mercado feito para faquir e jogador de basquete. A distância entre as prateleiras as estantes deve ser de uns 30cm, e as plateleiras são altas. O mercado é de alto nível (cabem aqui aqueles "rsrs" irritantes).

Mas, na saída do carro, a mãe e o filho se deparam com uma velha, no caixa, já de saída, narrando sua epopéia de como havia reagido a um assalto e metido a porrada no trombadinha. A velha era uma figura assombrosa. Uns 15kg, cabelos que iam até a bunda. Devia ser evangélica aposentada, visto que cabelos também saiam de suas orelhas. A vó era praticamente o mestre splinter.

"Que porra é aquilo?!" Sussurra o filho.

O pai cai na gargalhada, e o filho rí da gargalhada do pai. A mãe vai sozinha, virando o rosto para o lado oposto do da velha, para evitar risadas frontais. Enquanto isso, o filho se encosta no carro, em pé, como uma autêntica puta, rindo com o pai do quão feia era aquela senhora. Exemplo de momento microscópico, de uma família feliz, fofocando e rindo de outra pessoa, como qualquer grupo social saudável.

Quando se entra em casa, cada um pro seu canto. Pronto, acabou.


sábado, 20 de junho de 2009

Descobertas Tardias. Arrependimentos Presentes.

Feel, no shame, too brave
Feel, afraid, to wait forever


Junho sempre foi um mês único na minha vida. Além de ser o mês do meu aniversário, onde, por sinal, muita coisa se definiu ao longo dos anos, é geralmente a época do ano onde sempre ocorre algo de extraordinário. Pois bem, aconteceu essa semana. Aliás, ainda está acontecendo.

Sempre se diz que vivemos nossas vidas de acordo com nossas convicções, e que sempre buscamos o melhor e o máximo para sermos felizes, também de acordo com nossas crenças e nossos objetivos. Isso é a mais absoluta verdade. Afinal, nossas convicções sempre serviram, servem e servirão de porto seguro para nossa consciência, para nossas dúvidas e reflexões. Quando nos perguntamos sobre o que estamos fazendo, sobre onde estamos investindo nossas forças, ou sobre porque aquilo que tentamos não deu certo, ou não saiu do jeito como queríamos, sempre recorremos, entre outras coisas, à nossas convicções. Quase sempre acerca da dicotomia entre certo e errado.

Isso é pouco conversado, e pior, pouco refletido pela maioria das pessoas. Mas praticamente tudo que fazemos, sentimos e planejamos, é com base no que achamos certo e errado para nossas vidas, e para a vida das pessoas que nos rodeiam, nossos amigos, conhecidos, familiares, et cetera.

Mas isso não quer dizer que essas crenças e convicções sejam imutáveis. Muito pelo contrário. Reside exatamente na flexibilidade daquilo que acreditamos, o nosso próprio desenvolvimento, o progresso e a formação de nossa personalidade. Resumindo: Aquilo que acreditamos muda constantemente. O que somos, muda constantemente. E uma das principais molas propulsoras da vida é quando percebemos que uma convicção nossa estava errada. Não digo que se desperdiçou tempo nem energia, mas canalizou-se de uma maneira errada tal qual que instala-se na na nossa mente um das piores condições existentes: O arrependimento.

Quando nós, depois de um tempo, e longe do "olho do furacão", percebemos que perdemos uma oportunidade por estarmos cegos para ela, inevitavelmente instala-se dentro de cada um, um sentimento insuportável de impotência. Afinal, não se pode mudar o que já foi. O que se pode é tentar remodelar o que ainda existe. Tentar readaptar-se e criar de novo aquela oportunidade. É possível. Mas extremamente difícil e complexo. Ainda mais quando se trata de pessoas. Quando se trata de outras pessoas.

Olhando para trás e vendo que uma chance de ser feliz passou exatamente diante de seus olhos, e esteve ao seu lado durante um bom período de tempo, e você, mais preocupado em lutar contra a infelicidade, desperdiçou uma chance muito mais clara e direta. Claro que nada é concreto e absoluto como esse texto pode passar. Mas, vendo as coisas de fora, como se tudo fosse passado; estivesse morto em enterrado, se percebe como uma chance preciosa de felicidade escapou diante das nossas mãos.

E aí? Correr atrás? "Nostalgiar" por alguns momentos e seguir em frente? Adaptar-se ao que se tem?

Respostas flexíveis, para todos os gostos. Mas, com certeza, em todo mundo, aquele maldito sentimento de arrependimento bate à porta e martela, fura, alfineta, pelo menos por alguns momentos, e você se sente o maior imbecil do mundo. Me lembro de quando eu passei 4 meses juntando dinheiro para comprar um boneco da série "Spawn". Quando finalmente juntei quantia que precisava, fui ao Shopping, e vi um boneco com mais garras, com cara de ameaçador, e o comprei, esquecendo meu projeto grandioso de 4 meses de economia. Resultado: O boneco que comprei era uma porcaria, e nunca mais tive paciência e/ou disposição para juntar dinheiro por mais 4 meses para comprar aquele que eu realmente queria.

Arrependimento dói na alma. Maltrata. Nos chama de imbecis. Dá uma vontade de gritar até sua pele se inverter, e você ficar todo exposto pra fora.

sábado, 6 de junho de 2009

To be Melancholic.

Passa-se a tarde aconselhando outro. Passa-se a tarde ouvindo problemas, cansaço, lamentações. Passa-se a tarde sentindo-se útil, e tentando pensar que ainda existe alguma coisa boa. Mas aquela maldita esperança teima em não morrer. Você se sente cada vez mais vivo quando as pessoas dão importância à sua falta e ao que você tem a dizer. Mas parece que nunca é o suficiente.

A casa do outro, onde se passou a tarde, fica perto daqui. Voltei andando para a minha. No meio da caminhada, cai uma chuva forte. Olhei para os lados, em todas as direções, e não havia absolutamente ninguém. O dia estava cinza. As calçadas faziam barulho ao se encontrar com as gotas d'água. Ninguém nas varandas, ninguém em lugar nenhum. Todos pareciam que tinham simplesmente desaparecido pra mim. Tudo de propósito.

Decidi esperar a chuva cair sobre meus ombros, e andei exatamente na mesma velocidade que o fazia antes de começar a chover. Parece que a água lava a morte que carregamos dentro de nós e nos da uma centelha de, se não de ânimo, de reflexão. E se refletimos, é porque ainda existe alguma coisa para ser pensada. Ou seja: Existe algo para se lutar.

A chuva, num dia cinza, com 4 árvores num raio de visão, e os mais diversos arranha-céus ao meu redor deram um toque cinematográfico em cena. Eu estava ouvindo música, através dos meus headphones. Estava ouvindo Jazz. Miles Davis. Aquele maldito trompete, tocando

Me senti onde sempre quis estar, e do modo que quis estar: Me senti num local onde não havia ninguém, e ninguém sabia que eu estava ali, exceto uma pessoa, a que acha que eu a ajudei. Foi muito, muito estranho, mas ao mesmo tempo, inesquecível ouvir o trompete do Miles Davis, enquanto uma gotícula se formava na ponta do meu nariz, e ficava lá até eu soprar, com um biquinho.

Era tudo perfeito.

Eu me sentia feliz daquele jeito.

Aquele clima de filme de detetive dos anos 1970.

Só faltou a neblina. Mas não deu tempo dela aparecer, eu cheguei em casa antes.

E assim começou Junho. Literalmente, o meu mês.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Estuda, mininu!

Lembro de quando eu tinha 7, 8 anos, que todo meu futuro estava traçado por mim mesmo e pela minha família. Aquela era uma saudosa época onde eu não tinha personalidade formada, segundo o psicólogo Erik Erikson, e, por causa disso, as nossas opiniões sempre casavam. Sem conflitos, sem disse-me-disse, sem picuinhas familiares.

Tudo isso fora conquistado simplesmente por eu atender às expectativas depositadas em mim, o jovem prodígio. Ninguém da minha família jamais tinha cursado uma faculdade pública. Ninguém. E eu, o menino anti-social que adorava ficar conversando com o avô sobre astronomia ou os futuros políticos da nação, era visto como o candidato a Kofi Annan da família. Adorava esse posto. Eu era valorizadíssimo, e minha soberba fazia eu me colocar ainda mais no alto do que a minha família bradava.

Dos meus cinco primos, um enveredou pela cana-de-açúcar, numa longínqua época que a mesma ainda dava grana para empreendedores médios e não apenas para usineiros colossais, e ficou rico. Teve uma vida de bacana. Teve. Hoje em dia se fode na mão de agiota, mas não perde a pose de bacana. Eita, classe média-metida-a-rica! Vive num engenho de respeito, mas não quer que ninguém saiba como ele não dorme à noite, em virtude de sua mulher metida a bacana ter comprado uma poltrona verde de 6 mil reais e ter dado o boleto de pagamento pra ele. Além de escravizar centenas de trabalhadores no cultivo da cana, ainda recebe ordens desse tipo da perua. Francamente.

O outro primo, por total falta de aptidão para coisas difíceis, foi gerir uma "frota" de 5 caminhões de... Cana-de-açúcar, rá! Teve as mais diversas oportunidades nos mais diferentes campos de atuação profissional: Banco do Brasil, faculdade de administração, gerenciamento de oficinas no Maranhão, etc. Engravidou a namorada duas vezes, à qual teve dois abortos espontâneos. Depois, tomou gaia e a ameçou de cortar sua orelha. A menina fugiu da cidade, e ainda ficou com fama de puta. E ele, com fama de homem digno que queria recuperar sua honra.

O irmão desse bebeu, em 4 anos, muito mais que a Janis Joplin em toda sua curta carreira. Brigava 2, 3 vezes por semana em botecos na cidade onde morava. Numa dessas noitadas tresloucadas, conheceu sua Maria Lúcia, tipo aquela da Faroeste Caboclo. Mudou sua vida, benhê! Formou-se em Agronomia e Biologia, e agora é dono de posto de gasolina, casado e com dois filhos lindos. Precisou quase meter uma bala na cabeça do irmão, depois de uma bebedeira, pra acordar. Boooa, Maria Lúcia!

Uma casou com marido rico que tá falindo. É a crise.

A outra, tomou financiamento de 100 mil reais pra abrir seu próprio negócio. Quebrou com 6 meses. É a crise.

E eu! O moleco sem assunto por ser intelectualóide demais e sempre ter uma opinião diferente da dos demais, e, até um certo momento, onde a harmonia reinava, ser considerado inteligente demais por isso. Vejam só, a pessoa discorda de 5 outras, todas elas com 40 anos a mais, e é considerada inteligente. Claro que isso não podia durar pra sempre.

Me lembro de quando chegava na casa dos meus avós, que minha avó vinha andando com dificuldade, em virtude de seus 100kg muito mal distribuídos, festejando que tinha preparado 2 bolos pra mim, e comprado o "pão caseiro". Perguntava das namoradinhas, da escola e da vida em geral. Era gostoso. Me lembro do meu avô, sentado na cadeira, apenas esperando eu sentar do lado pra papearmos. É, vô, eu cheguei. Chega desse papo de novela. Vamos falar do terremoto que ocorreu no Irã. O senhor viu? Onde foi o epicentro? Qual placa tectônica entrou em atrito com qual?

Depois que adquiri a personalidade (?), tudo mudou. O bonito passou para arrogante. A perspicácia (tudo isso na ótica dos outros) passou para grosseria. Os conceitos, explodam de raiva os conservadores, são fluidos e mudam de significado a cada momento. Hoje em dia, o menino que era o futuro acadêmico da perfeita família, estuda para adentrar no antro dos porcos capitalistas, camarada! Ele vai ajudar na exploração dos países do terceiro mundo!

Mas ganhará dinheiro.

Basta.

Né família?

Vai estudar, fdp! 

sábado, 16 de maio de 2009

Boom.

Don't you forget what I've told you

So many years

We are hopeless and slaves to our fears

We're an accident called human beings

 

(...)

 

It's a prison for dreams and for hopes
And still we believe there is God

 

Ouvindo essa obra-prima do Blackfield agora, com a cabeça enfiada no travesseiro, pensando em coisas que marcaram a minha vida, e somando-as com uma das conversas mais próximas da realidade, da honestidade, que tive há algumas horas, eu tento fazer fluir pelos meus dedos a eterna explosão de sentimentos contraditórios que tomam conta da minha cabeça há, pelo menos, 4 anos. 

 

Eu sinto dentro de mim uma raiva represada. Sinto raiva pela injustiça praticada pelo mundo, Deus, natureza; a merda que for e do que quiserem chamar. Não é desculpa para meus erros ou enganos, que, sem dúvida, contrubuíram e contribuem para o meu constante estado de questionamento e insatisfação com as coisas e com as pessoas. 

 

Tento sempre abrir a mente para o que considero boas influências de situações e pessoas que confio e gosto. Mas parece um remédio anti-inflamatório. A dor passa por algumas horas, e depois volta, reclamando seu lugar dentro da minha cabeça. Eu sinto uma dor dentro de mim que simplesmente não passa. Ela diminui, parece sumir por determinados instantes, mas depois volta. Some quando estou perto de pessoas que amo, ou de situações que me fazem bem, ou simplesmente apenas me enganam, tentando camuflar para mim mesmo a minha verdadeira natureza: Que as coisas são e serão assim.

 

De novo, não considero de maneira alguma que estou de mãos atadas e derrotado, até porque se pensasse assim, esse texto nem estaria sendo feito. É apenas mais uma tentativa de achar uma resposta. De tentar entender a injustiça das pessoas para consigo mesmas e com os outros. É uma busca, que se tornou desesperada com o tempo, de tentar encontrar alguma explicação. Mas pasmem, ela simplesmente não existe. Como, de fato, não existe justiça, não existe recompensa, não existe compensação, nem nenhum desses outros sentimentos/fatos reconfortantes ou que possam inebriar as pessoas ou enche-las de auto-piedade.

 

Eu sempre tive um fortíssimo sentimento de auto-piedade. Sempre achei que boa parte do "mundo" conspirava contra mim. Sempre achei que havia uma injustiça tramada por Deus ou qualquer outra dessas merdas acerca das minhas ações. Simplesmente não era possível pra mim acreditar em qualquer outra hipótese. Pois bem. É possível. É o real.

 

As coisas simplesmente acontecem. Os problemas aparecem; os sucessos ocorrem. Óbvio que temos intensa participação em cada um desses acontecimentos, mas, quando as coisas simplesmente não querem acontecer, não importa o esforço. Não existe merecimento. Não existe nada que possa reconfortar. Existe apenas a seca e crua realidade que se apresenta na sua frente. Deve ser por isso que existiram, existem e existirão tantos poetas e escritores em geral, na História da humanidade. É sempre uma necessidade de se pensar algo diferente. Algo bom.

 

Arte, por um conceito que estou criando enquanto escrevo essas porcarias, é uma forma de idealização da realidade. Ideal. Sonho. Utopia. Plano.

 

E, apesar de tudo isso, eu não consigo deixar de acreditar no amor. Acredito que ele, e apenas ele, consegue mudar a visão pessimista que eu tenho de tudo, todos, e de mim mesmo, claro. Acredito porque vivo o amor em doses pequenas e homeopáticas, que servem apenas para fazer um cócega. Mas, apenas isso é suficiente para mostrar sua força destruidora, no bom sentido. Somos destroçados por uma onda de sorrisos, esperança e fé. 

 

Mas, mais uma vez, não há merecimento. O projeto é continuar vivendo. E, se possível, com um pouco mais de esperança e otimismo do que eu tenho. 

 

We're dead but pretend we're alive
Full of ignorance, fools in disguise.

 

Eu queria muito que esse texto tivesse um quê de realidade e honestidade maior do que todos que eu já postei aqui. Queria realmente tentar passar o turbilhão que é a minha mente,  vinte e quatro horas por dia, todos os dias. E que realmente não é fácil ser Maurício de Miranda Penedo, por todo o meu jeito de ser, e nas crenças que eu tenho. Em pessoas, em sentimentos, e em tudo. É difícil manter a fé que eu mantenho. 

Apesar de levar tantos tapas, me decepcionar tanto comigo mesmo e com as pessoas, eu tento acreditar em qualquer merda que seja.

 

Tenho preferido ficar sozinho e pensar e pensar. Nada de diferente do que eu fizer agora irá ajudar alguém ou alguma coisa. Não consigo mais reter minhas mentiras. Não consigo. 

 

Quero levar um grande cala-a-boca da vida.

 

terça-feira, 12 de maio de 2009

Calma.

De vez em quando saímos da mediocridade e buscamos algo mais.

Mesmo sem conseguir, temos a mais absoluta certeza de que somos capazes de tal. Simplesmente não foi naquele momento. E das lágrimas que podem cair dos nossos olhos, em virtude do parcial insucesso, brotam sementes que irão germinar lá na frente. 

Ser feliz é, sem sombra de dúvida, um estado de espírito. Fica-se feliz com um sorriso. Fica-se feliz quando seu time vence. Fica-se feliz quando pessoas que você confia, respondem às expectivativas. Fica-se feliz quando é amado. Fica-se feliz quando se descobre um amigo. 

Fica-se feliz por... Ser legal. É legal ser feliz. Muito legal.

A calma que a felicidade trás é uma coisa sobrenatural. Aquela calma que os olhos abrem só até a metade, e o sorriso, mesmo de canto de boca, demonstra mais nosso estado do que qualquer gargalhada. É essa calma. É essa. Pode ser usufruida com uma música. Mas dura pouco.

Buscamos sempre a continuidade disso. Buscamos sempre os sorrisos. Estamos absolutamente certos. Da dor nasce uma felicidade, um orgulho, e uma calma, que chega a ser transparente. Aquele sorriso de canto de boca paga qualquer esforço. 

Me lembro de quando eu era sempre o primeiro a ser escolhido no time de basquete. Apesar de ser o mais alto, ou estar sempre entre os mais, eu era muito melhor nos arremessos da linha dos três pontos. Não tinha qualidade nenhuma jogando embaixo do garrafão. Nessa época, eu era 8ª série. 

Num belo dia, um pivete, que jogava comigo, e era da 6ª série, olhou pra mim e perguntou porque eu não enterrava. Eu explique que simplesmente não conseguia. 

Ele me deu uma esculhambação; jogou a bola entre os meus braços e me mandou enterrar. Peguei a bola, dei duas batidas, pulei e enterrei. Me segurei no aro. Aquilo foi uma das maiores felicidades da minha vida, e o início real do meu amor pelo basquete. 

Certas pessoas passam pela sua vida e não fazem a menor ideia de como foram importantes. Decisivas. Atualmente eu tenho muitos sorrisos de canto de boca, quando me lembro daquela época.

Pra mim, o passado parece sempre mais legal.

domingo, 10 de maio de 2009

Música da Semana

Amorphis - Silver Bride

From the mystic dream of a nighttime 
I saw the clarity of my days 
From the gates of longing 
Looked for the familiar glow 
The death of my wife's slayer 
Brought no comfort to me 
No shape for loneliness 
For a dream 

A queen of gold I made 
A silver bride I built 
From the northern summer nights 
From the winter moon 
Responded not my girl 
No beating heart I felt 
I brought no sighs to the silver lips 
No warmth from the gold 

Within my heart a flame of desires 
Provoked the power of my will 
Forced into silvery shape 
A golden queen for me 
I made our bed under the stars 
Covers a-plenty, bear skin hides 
Stroked the arc of golden curves 
Kissed the lips of silver 

(Queen of gold) I made her 
(Silver Bride) I built her 
(Queen of gold) no warmth 
(Silver Bride) no love 
(Queen of gold) I made her 
(Silver Bride) I built her 
(Queen of gold) no warmth 
(Silver Bride) no life

quarta-feira, 6 de maio de 2009

The Origin

Sonho daqueles "véios". Mas que sobreviveu à todas as tempestades.

Uma imagem. Pintura. No fundo existe um monte alto, com um cume bastante íngrime, parecendo um vulcão. Não é. É uma montanha completamente coberta de neve, neve eterna. Não ocorre degelo.

Logo em sua base, começa a vegetação. Aquela grama macia, que não corta nem deixa a pele formigando quando se deita. Poderia se dormir facilmente ali
, a qualquer hora do dia. Isso é possível, também, pelo clima. Média de 17º, 18º. Ameno, gostoso de se viver. Amanhece tarde e anoitece cedo, isso parece mais propício para se aproveitar o dia. 

A região é fantástica. Pinheiros e as mais diversas espécies de coníferas enfeitam toda a região. A floresta é densa, mas permite que seja explorada. O chão é completamente coberto de cascalho e folhas mortas. Mas ali nada parece morto. Tudo é harmônico. Existem árvores de todas as cores. A paisagem parece um quadro expressionista. Uma mancha de cores, mas mesmo assim, cada uma parece colocada de modo perfeito. Fazem sombra e proporcionam um vento que, no auge do dia, é reconfortante, e, à noite, faz um par perfeito com a cama felpuda.

Do lado da casa corre um filete de água. Perene. Constante. Água potável. Nunca me preocupei de saber de onde ela vinha. Mas o fato é que nunca me deixou na mão. No fundo tem uma horta, e a água proporciona alimentos de excelente qualidade. Peixes, até carpas aparecem às vezes. O filete passa a 2m da casa, e logo a frente dela, uns 10m, tem uma ponte pequenina. Parece de brinquedo. Sento-me lá com o cachorro pra pescar. Até me agasalho às vezes.

O mais engraçado é que a ponte tem um corrimão. Alguém muito idoso deve ter vivido ali antes de mim, mas mesmo assim, tudo parece cheio de vida. Pulsa.

A casa é cheia de janelas. Tem uma chaminé que realmente funciona e um jardim simpático à frente. Não tem muros, não tem portões. Ninguém vai lá. Nenhuma visita. Só esquilos. A janela não pode ficar aberta todo o tempo, senão os afanadores roubam minha carne. Malditos esquilos.

Entra-se na casa pela cozinha, nos fundos. Tirei a porta da frente e fiz duas janelas. Daí, quando o cachorro volta, depois de 10 horas explorando o bosque, eu vejo de longe, e tenho tempo de sair de casa correndo, pra que ele não entre na cozinha todo sujo de barro. Que figura.

Saudade do que não vivi.

sábado, 2 de maio de 2009

A Song for The Introduction

O ato de escrever seria, primeiramente, um ato mecânico? Um escrito muito famoso, que só eu e mais algumas pessoas conhecem, disse uma frase que é sempre meu ponto de partida quando estou sem ideias para escrever:

O primeiro segredo para escrever é... Escrever, e não "pensar".

Sempre me perguntei como ele conseguiu escrever aquela página inteira em pouco mais de sessenta segundos... E desde então venho tentando me igualar a ele. Não na velocidade, pois nisso já o ultrapassei, mas na profundidade que ele consegue alcançar. 

Mas o ato de escrever é, antes de tudo, um ato de liberdade. Não temos amarras. Ou pelo menos não deveríamos ter, a não ser com nossas ideologias, e olhe lá. Mesclagem com a realidade, olhar diferente da realidade, ludismo puro, seja o que for. O que parece é que o ato de escrever, pelo menos para quem o faz, é algo de sobrenatural. No meu caso, consiste em uma das duas situações que sinto ter total controle de minha vida. A outra é quando estou dormindo.

Ps. Ah, e pra falar a verdade, o ato de escrever é sempre lúdico. Não importa a fonte que se beba. 

Então, aqui vai a historinha-criada-de-supetão-por-Maurício-depois-de-uma-boa-conversa:


Ele era pequeno, e deveria ser a primeira vez que olhava uma mulher de um jeito diferente. Deveria ser a primeira oportunidade de sentir um sentimento totalmente novo. Sua escola ia desde as séries menores, até apenas a quarta série do ensino fundamental. Havia estudado ali desde os 5 anos. Atualmente estava com 11. Quando ela apareceu na sua vida. Ela era da quarta-série, da turma dos que mandavam no colégio, mas ainda hoje, quando pensa nela, só consegue imaginá-la já adulta, "mulher-feita". Vai entender a cabeça.

Nunca soube seu nome; nunca soube onde morava; nunca soube do que gostava de fazer, que perfume usava; se gostava de estudar... Nunca soube de nada. Não era necessário. Era o primeiro de seus amores platônicos. Idealista. Começou bem. A chamava apenas de 'chinesinha', por conta de seus simpáticos olhos puxados. Bem, pelo menos ele os achava puxados. Mas ela tinha cabelos encaracolados. Poderia ser oriental? Não se meta nas lembranças do menino!

O colégio era pequeno. Uma quadra de futsal nova, que era o xodó de todos - mas só os da mafia jogavam, os da quarta-série -, também havia as salas, muito perto da quadra, e uma parte com areia, balanços, gangorras, e todos aqueles brinquedos de parques pré-fabricados para escolas e restaurantes.

A troca de olhares entre os dois era "entre um só". Ela não sabia que ele existia, como todo amor platônico deve ser. Ele era competentíssimo em manter esse modelo. Até que um dia, resolveu ir pro tudo ou nada. Mas seu tudo ou nada era mais cheio de pudores e medos do que os de qualquer garoto da sua idade. Ou não, vai saber. A chinesinha estava sentado perto das gangorras, conversando com uma amiga, que também parecia bem adulta. Sabe aquelas mulheres com ar de executiva que se sentam nos restaurantes dos shoppings para discutir assuntos irrelevantes? Pois bem, é exatamente como eu a imagino na época. Meu Deus.

Ele a viu sentada lá, comendo um pastel, e partiu pro ataque. Surgiu de trás de um arbusto (de 10cm de altura) e se jogou no chão, como se tivesse tropeçado. Caiu milimetricamente na frente dela. Teria certamente se machudado, se não tivesse calculado a queda, no que resultou, obviamente, numa cena patética. 

Ela olhou com um ar de incredulidade e dúvida. 

"Você tá bem?"

- Sim...

Ele se levantou, se limpou da areia - toscamente - e foi embora, pra comprar a coxinha, afinal, o recreio era por deveras curto. 

Tinha conhecido o primeiro amor de sua vida. Ela provavelmente se esqueceu dele no momento em que o kamikaze de tropeços saiu de sua vista. Mas ele se lembra dela até hoje. E vem desenvolvendo essa arte de chamar atenção das mulheres que gosta desde então. Pelo menos, atualmente, ele não rala mais os joelhos. E não se suja de areia. Só faz merda de vez em quando. 

No fim, damos umas boas risadas de canto de boca por termos ficado satisfeitos com o que escrevemos. Afinal, quando paramos de querer passar algo para os outros, e simplesmente despejamos as coisas, parece que tudo soa melhor. 

Obrigado à Forrester e à Poly. 

 

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Forrester.

Os sentimentos que aqui estavam e se foram, não podem acalentar a inquietude daqueles que ainda virão.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Importâncias.

Engraçado como cada pessoa têm (vou usar esse acento até morrer. Foda-se a reforma) seus amores e admirações. Quando paro pra pensar nisso, entro em choque com minha crença - inabalada - de que o ser humano é um vírus fadado a se auto-consumir e morrer. Quando penso que podemos ter, realmente, amor por algo ou alguma pessoa, meus pensamentos entram numa espécie de espiral, da qual geralmente saio com o clássico "ah, depois penso nisso". Fuga, pra variar.

Pensei muito em 4 "entidades" hoje. Que me fazem realmente feliz, e me fazem ter fé em... Alguma coisa. São elas, totalmente fora de ordem, afinal, amor não se mede: Meu pai; Paulo; o Sport e Kurt Cobain. Mais eclético impossível.

Meu pai têm defeitos como qualquer ser vivo normal. Têm qualidades, também, como qualquer ser vivo normal. Mas é uma pessoa que possui uma característica invejável: Ele acredita nas pessoas. Não importa o quão já tenha sido enganado, surrupiado, humilhado por pessoas e pela própria vida. Ele não perde sua fé nas pessoas. Eu espero um dia, enfim, aprender isso com ele. Das vezes que tentei, quebrei a cara. Ele também. Mas a diferença é que ele segue firme e forte, acreditando. 

Um sujeito tremendamente boa praça. Uma pessoa de fácil tato, e que todo mundo gosta. Justamente o oposto de mim. Se eu for 30% do que meu pai foi e é, tenho certeza de que... Terei mudado muito. Não, sério, serei um homem feliz, creio. Repito a frase: Penedão, conto contigo.

Depois de 3 meses sem bater um papo tet-a-tet, meu chapa Paulo está vindo fazer uma visita aos pobres do Recife. Sai da maldita Belo Horizonte-que-não-faz-calor e vem pra esse Inferno de Dante. Cara fantástico. Percebe-se seu valor com 10 minutos de conversa e, principalmente, nas piadas de extremíssima qualidade intelectual. Deixa amigos/colegas por onde passa. E isso é, de longe, a maior herança e atestado-de-fazer-as-coisas-certas que uma pessoa pode receber. 

O santo bateu de cara. O cara é porreta. É homem-ferrolho, e me entende em 10 minutos o que outras pessoas levam meses... E não conseguem captar. Ficará pouco tempo, mas os momentos contam demais. Silveris sente saudades.

Amanhã tem jogo do Sport. Jogo da paixão da minha vida desde os 8 anos, idade racional pro futebol começou aí. E cresce de uma forma assustadora desde aquele momento. Assustadora mesmo. Queria gostar menos, me envolver em menor intensidade. Não dá. Se pudesse, moraria lá, e faria de tudo pra ajudar uma instituição que consegue colocar lágrimas em meus olhos com mais frequência de que todas as emoções que tive na vida. O amor puro e simples, sem esperar algo em troca é algo utópico, ideal pra mim. Mas o Sport foi o que mais se aproximou. Paixão que não cessa. Credo.

No último dia 5 de Abril, completou 15 anos do suicídio de Kurt Cobain. A empatia desse rapaz é algo ímpar. Não importa sua baixa qualidade de instrumentista. Mesmo treinando 4; 5; 6 horas por dia. Era ruim na guitarra. Mas seu turbilhão psicológico, em detrimento do imenso amor que colocava nas coisas na qual se envolvia acabava com qualquer deficiência. Kurt foi, simplesmente, o líder da maior banda do mundo dos anos 1990. Inquestionável. Mudou o Rock. Mudou a música. Coisa grande. Graças a ele, tenho um casaco de flanela, totalmente inútil, dentro do meu armário. E uma calça rasgada, que hoje é um short. Não dá pra usar. Meu saco escrotal apareceria. Pena.

4 amores. 4 admirações. Putz, vai amanhecer. Au revoir.