sábado, 2 de maio de 2009

A Song for The Introduction

O ato de escrever seria, primeiramente, um ato mecânico? Um escrito muito famoso, que só eu e mais algumas pessoas conhecem, disse uma frase que é sempre meu ponto de partida quando estou sem ideias para escrever:

O primeiro segredo para escrever é... Escrever, e não "pensar".

Sempre me perguntei como ele conseguiu escrever aquela página inteira em pouco mais de sessenta segundos... E desde então venho tentando me igualar a ele. Não na velocidade, pois nisso já o ultrapassei, mas na profundidade que ele consegue alcançar. 

Mas o ato de escrever é, antes de tudo, um ato de liberdade. Não temos amarras. Ou pelo menos não deveríamos ter, a não ser com nossas ideologias, e olhe lá. Mesclagem com a realidade, olhar diferente da realidade, ludismo puro, seja o que for. O que parece é que o ato de escrever, pelo menos para quem o faz, é algo de sobrenatural. No meu caso, consiste em uma das duas situações que sinto ter total controle de minha vida. A outra é quando estou dormindo.

Ps. Ah, e pra falar a verdade, o ato de escrever é sempre lúdico. Não importa a fonte que se beba. 

Então, aqui vai a historinha-criada-de-supetão-por-Maurício-depois-de-uma-boa-conversa:


Ele era pequeno, e deveria ser a primeira vez que olhava uma mulher de um jeito diferente. Deveria ser a primeira oportunidade de sentir um sentimento totalmente novo. Sua escola ia desde as séries menores, até apenas a quarta série do ensino fundamental. Havia estudado ali desde os 5 anos. Atualmente estava com 11. Quando ela apareceu na sua vida. Ela era da quarta-série, da turma dos que mandavam no colégio, mas ainda hoje, quando pensa nela, só consegue imaginá-la já adulta, "mulher-feita". Vai entender a cabeça.

Nunca soube seu nome; nunca soube onde morava; nunca soube do que gostava de fazer, que perfume usava; se gostava de estudar... Nunca soube de nada. Não era necessário. Era o primeiro de seus amores platônicos. Idealista. Começou bem. A chamava apenas de 'chinesinha', por conta de seus simpáticos olhos puxados. Bem, pelo menos ele os achava puxados. Mas ela tinha cabelos encaracolados. Poderia ser oriental? Não se meta nas lembranças do menino!

O colégio era pequeno. Uma quadra de futsal nova, que era o xodó de todos - mas só os da mafia jogavam, os da quarta-série -, também havia as salas, muito perto da quadra, e uma parte com areia, balanços, gangorras, e todos aqueles brinquedos de parques pré-fabricados para escolas e restaurantes.

A troca de olhares entre os dois era "entre um só". Ela não sabia que ele existia, como todo amor platônico deve ser. Ele era competentíssimo em manter esse modelo. Até que um dia, resolveu ir pro tudo ou nada. Mas seu tudo ou nada era mais cheio de pudores e medos do que os de qualquer garoto da sua idade. Ou não, vai saber. A chinesinha estava sentado perto das gangorras, conversando com uma amiga, que também parecia bem adulta. Sabe aquelas mulheres com ar de executiva que se sentam nos restaurantes dos shoppings para discutir assuntos irrelevantes? Pois bem, é exatamente como eu a imagino na época. Meu Deus.

Ele a viu sentada lá, comendo um pastel, e partiu pro ataque. Surgiu de trás de um arbusto (de 10cm de altura) e se jogou no chão, como se tivesse tropeçado. Caiu milimetricamente na frente dela. Teria certamente se machudado, se não tivesse calculado a queda, no que resultou, obviamente, numa cena patética. 

Ela olhou com um ar de incredulidade e dúvida. 

"Você tá bem?"

- Sim...

Ele se levantou, se limpou da areia - toscamente - e foi embora, pra comprar a coxinha, afinal, o recreio era por deveras curto. 

Tinha conhecido o primeiro amor de sua vida. Ela provavelmente se esqueceu dele no momento em que o kamikaze de tropeços saiu de sua vista. Mas ele se lembra dela até hoje. E vem desenvolvendo essa arte de chamar atenção das mulheres que gosta desde então. Pelo menos, atualmente, ele não rala mais os joelhos. E não se suja de areia. Só faz merda de vez em quando. 

No fim, damos umas boas risadas de canto de boca por termos ficado satisfeitos com o que escrevemos. Afinal, quando paramos de querer passar algo para os outros, e simplesmente despejamos as coisas, parece que tudo soa melhor. 

Obrigado à Forrester e à Poly. 

 

2 comentários:

  1. ah, eu gostei da historinha!
    Não se meta nas lembranças do menino!
    foi ótima, essa! arrasou. com uma coisa simples, tá vendo tu?
    =*

    ResponderExcluir
  2. Esse seres juvenis. Já fiz tanta merda.

    ResponderExcluir