quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Toque.

Olhar para os lados, nada ver.
Nada tocar. Abrir as mãos, procurar e nada sentir.
Os dedos cerram e abrem mais devagar, na esperança de sentir algo desapercebido.
Fecha-se os olhos, numa desesperada tentativa.

Numa mudança de estratégia, olha-se para cima. Estrelas.
Uma construção ilusória se faz de repente, e se coloca várias estrelas nas mãos.
Mas é difícil sentí-las. Não são palpáveis como se quer naquele momento.

O sentido mais palpável continua sendo a visão.
Enxergar o distante e poder pensar o que quiser dele nos dá a dádiva de formar nosso próprio mundo.
Amanhece o dia. Pessoas começam a percorrer as ruas. Arrumadas, indo trabalhar.

Você tenta calcular o valor das coisas, o valor do sentimento que teve.
Não consegue.
Você também tem que ir trabalhar. Entrar no oceano junto com os outros.
Você tenta ser diferente. Ser notado. Ser melhor.

Mas o ônibus vem e você tem que correr.
O mais palpável que você conseguiu, enfim, foi a janela do ônibus, onde outros sonhos são construídos. Com os olhos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Passagem

O que é real?

Essa pergunta é feita por vários tipos de pessoas. Aqueles intelectuais "oficiais" em seus diversos encontros e simpósios; aqueles estudantes que acabaram de entrar na faculdade e que se deparam com esses questionamentos pela primeira vez de forma mais sistemática; como também aquelas pessoas que procuram entender o atual estágio de suas vidas, entre outros. Vivemos numa espécie de redoma, onde procuramos nos proteger de coisas que não gostamos ou não conseguimos suportar, criando barreiras como o medo, o esquecimento, a negação.

As barreiras que criamos diante de nós mesmos para nos travar em uma determinada zona soam como obstáculos propositais. Temos medo de seguir. Falhamos antes de começar. O que tocamos na realidade? O que conseguimos viver? Pode-se viver numa espécie de pesadelos repetitivos e de sonhos inalcançáveis, onde simplesmente não se consegue mais sentir onde começa um novo processo, ou onde nos perdemos no meio do caminho, andando em círculos numa teia infinita.

"Olhe a sua volta. O que é real?"
- Você é real. E você é o único que pode me ajudar, mas é tarde demais.

A projeção de nossas falhas e nossos arrependimentos dentro de nossa auto-estima e orgulho próprio esfacela nossas mentes e nos torna pessoas "mornas", que se dissipam no ambiente. Você já se pegou na rua olhando para determinado desconhecido, ou determinado ônibus, e pensando como seria se você conversasse com aquela pessoa, ou se você pegasse aquele ônibus? Estaria ali o amor da sua vida? Estaria naquele trajeto algo que se tornaria inesquecível pra você?

Vivemos em um constante estado de ilusões criadas por nós mesmos, para conseguirmos tirar os pés do chão e andar acima da sujeira. Tirando o véu lúdico, buscamos objetivos palpáveis, concretos, para podermos transformá-los em sonhos imensos, gigantescos. Criamos nossa própria realidade, até o momento que essa ilusão, travestida de mundo real, nos engole. Entramos numa tormenta de perguntas e indagações que consomem nossas mentes.

"Você terá muita sorte e seus problemas desaparecerão."


Forgive me.