sábado, 31 de março de 2012

É tudo constantemente embaralhado. Palavras fora de ordem, buscando um caminho independente da sua vontade. Quando se pensa um pouco, há vontade de chorar. Ou pelo menos uma vã esperança de que, ao fechar os olhos, tudo estará resolvido.

Você se pergunta como conseguiu chegar naquele ponto, e olha pra passado, identificando todos os momentos em que você teve a chance de ser diferente. Não foi, contudo. Mas as marteladas na cabeça não param.

Até que você desiste de brigar com elas, e vai dormir. Como sempre.

domingo, 25 de março de 2012

Rir.

Esse post não é uma homenagem a Chico Anysio. Apenas.

Não existe estabilidade emocional. Ninguém a tem. Vive-se um sem-número de montanhas russas todos os dias. O ônibus atrasa, seu salário é debitado em sua conta, você esquece da consulta do médico, sua sandália quebra, você se divorcia, é promovido, ouve elogios. No labirinto das emoções você não acha saída, simplesmente porque não deve ser assim.

É por essas e outras que nada substitui o riso. Nada substitui a sensação completamente indescritível que se sente ao rir até chorar. Nem centenas e centenas de explicações acadêmicas, falando a respeito dos neurônios ativados, ou das reações químicas do corpo; ou ainda da sabedoria popular, falando como o rosto se mexe ou algo parecido. Ninguém consegue explicar a sensação pura e perfeita que sentimos ao rir. Até chorar.

Todos os pensamentos se apagam. No máximo, quando você se concentra muito, consegue pensar no imediato motivo do riso, de forma involuntária daí em diante. Sua cabeça é esvaziada e você só consegue receber ordens de continuar sendo cem por cento feliz durante aqueles segundos sensacionais. Perder-se de si mesmo dentro de um motivo quase sempre sem muita importância, mas ao mesmo tempo fundamental para a existência de todos nós.

Rir é a coisa mais importante do mundo. Nada vem com mais força, mais rápido, de forma mais surpreendente, e se vai da mesma maneira, como o riso. A memória do riso é apenas uma pálida lembrança do sentimento. Às vezes tentamos forçar essa memória, buscando rir com a mesma intensidade de quando ouvimos determinada coisa ou passamos por determinada situação da primeira vez. Sortudos são aqueles que conseguem.

Não tenho um humor fácil. Não solto risadas imensas, às vezes algumas falsas. Não rio do que a maioria das pessoas rí. E isso não é ser especial, apenas diferente. Mas se existe um fator que admiro imensamente no humor, é sua capacidade de ser inteligente. De soltar, de forma sutil, aquele riso tímido, de canto de boca. Que faz pensar.

"O humor é tudo. Até engraçado".