quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Toque.

Olhar para os lados, nada ver.
Nada tocar. Abrir as mãos, procurar e nada sentir.
Os dedos cerram e abrem mais devagar, na esperança de sentir algo desapercebido.
Fecha-se os olhos, numa desesperada tentativa.

Numa mudança de estratégia, olha-se para cima. Estrelas.
Uma construção ilusória se faz de repente, e se coloca várias estrelas nas mãos.
Mas é difícil sentí-las. Não são palpáveis como se quer naquele momento.

O sentido mais palpável continua sendo a visão.
Enxergar o distante e poder pensar o que quiser dele nos dá a dádiva de formar nosso próprio mundo.
Amanhece o dia. Pessoas começam a percorrer as ruas. Arrumadas, indo trabalhar.

Você tenta calcular o valor das coisas, o valor do sentimento que teve.
Não consegue.
Você também tem que ir trabalhar. Entrar no oceano junto com os outros.
Você tenta ser diferente. Ser notado. Ser melhor.

Mas o ônibus vem e você tem que correr.
O mais palpável que você conseguiu, enfim, foi a janela do ônibus, onde outros sonhos são construídos. Com os olhos.

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