domingo, 20 de maio de 2012

Form/Deform

Caminha-se. 

Ouve-se barulho. Pássaros. Caminhões. Folhas. Ouve-se o vento. Ele fala através de outros. Não há absolutamente ninguém na calçada. Você olha para todos os lados. Até para cima. Ninguém. Coloca as mãos dentro dos bolsos, encolhe os ombros, se escondendo do frio, mas ao mesmo tempo pedindo que ele não pare de soprar.

 E continua caminhando. Você vê pessoas indo trabalhar. Vê cachorros dormindo embaixo dos bancos. Vê gatos se espreguiçando. Vê pessoas dormindo. Todas longe de você. Você não é notado. Então você percebe que pode andar de olhos fechados, mesmo que por alguns segundos.

O frio fica mais palpável. Até que o vento fica forte, e as folhas balançam. Aquele pingo, maroto o danado, cai no meio da sua testa. Gelado. Só consegue arrancar um sorriso e aquela frase egoísta que todos usamos: "só comigo mesmo".

 Só conosco o quê?

Que sentidos procuramos para sermos especiais diante de nossos próprios olhos? Buscamos nos sentir únicos não diante dos outros, mas diante de nós mesmos em muitas oportunidades. Tentamos tanto isso que esquecemos de ouvir, de sentir o outro lado. Perdemos a melhor coisa dessa curta passagem por aqui.

A possibilidade de ser tão feliz ao ponto de se ter dúvida entre ilusão e realidade.

Através de outros olhos que não os seus. Caminha-se.

Quando enfim, se chega, o vento para.
Amanheceu.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Reign Over Me

O primeiro post deste blog foi indicando o filme que, pra mim, é a maior obra prima já feita pelo cinema. Desde então, deve ter feito post semelhante, no máximo, 2 vezes. Ontem revi um filme que, além de ter dois - espetaculares - atores subvalorizados, tem como música de encerramento uma maravilha do Rock.

Reign Over Me, com Adam Sandler e Don Cheadle, trata de um homem com estresse pós-traumático após um acidente que vitimou sua família. A partir deste fato, ele se fecha para o mundo e passa a ser uma pessoa com muitos problemas de socialização e psicológicos, até reencontrar um colega de faculdade que não via há anos.



A partir deste momento a vida de ambos começa a mudar, com as personagens enfrentando seus próprios demônios, e se ajudando mutuamente, às vezes de forma até inconsciente. Tudo isso permeado por "Love Reign Over Me", do The Who, mas que é brilhantemente tocada pelo Pearl Jam.

O que se tem é Adam Sandler mostrando que é um dos melhores e mais versáteis atores de sua geração, fazendo de comédias pastelões como "O Paizão" até dramas pesados como este, em questão. A última cena dá uma sensação única de liberdade a quem assiste. Carrega sentimentos que podemos fazer o que quisermos, se não formos covardes demais para tentar. A música, como pano de fundo, é esplêndida.

E o walk-machine, claro... A vontade de ter de novo é imensa. Vale muito a pena ver.