domingo, 20 de maio de 2012

Form/Deform

Caminha-se. 

Ouve-se barulho. Pássaros. Caminhões. Folhas. Ouve-se o vento. Ele fala através de outros. Não há absolutamente ninguém na calçada. Você olha para todos os lados. Até para cima. Ninguém. Coloca as mãos dentro dos bolsos, encolhe os ombros, se escondendo do frio, mas ao mesmo tempo pedindo que ele não pare de soprar.

 E continua caminhando. Você vê pessoas indo trabalhar. Vê cachorros dormindo embaixo dos bancos. Vê gatos se espreguiçando. Vê pessoas dormindo. Todas longe de você. Você não é notado. Então você percebe que pode andar de olhos fechados, mesmo que por alguns segundos.

O frio fica mais palpável. Até que o vento fica forte, e as folhas balançam. Aquele pingo, maroto o danado, cai no meio da sua testa. Gelado. Só consegue arrancar um sorriso e aquela frase egoísta que todos usamos: "só comigo mesmo".

 Só conosco o quê?

Que sentidos procuramos para sermos especiais diante de nossos próprios olhos? Buscamos nos sentir únicos não diante dos outros, mas diante de nós mesmos em muitas oportunidades. Tentamos tanto isso que esquecemos de ouvir, de sentir o outro lado. Perdemos a melhor coisa dessa curta passagem por aqui.

A possibilidade de ser tão feliz ao ponto de se ter dúvida entre ilusão e realidade.

Através de outros olhos que não os seus. Caminha-se.

Quando enfim, se chega, o vento para.
Amanheceu.

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