quarta-feira, 25 de abril de 2012

Youth of the Nation

Por que é impossível não olhar para o passado? Por que vivemos dizendo que buscamos o novo, que lutaremos por novas conquistas, mas sem conseguir tirar o pé do que já passou e que, curiosamente, é muito mais vivo e mutável do que qualquer futuro que teremos? O passado é fascinante justamente por causa desta característica: ele é vivo.

Com o passar do tempo o observamos e remoldamos de uma forma diferente, colocando nele diferentes roupagens e significados. Podemos viver várias e várias vidas de acordo com os nossos sonhos para o passado. Fazemos uma ponte sem barreiras ou pedágios entre o escuro, atrás de nós, e o teoricamente brilhante à nossa frente. Tiramos as partes feias do passado e os vemos como novo. É o futuro.

Toda aquela esperança que tínhamos na juventude e que hoje, aparentemente mais experientes e velhos, julgamos infantil, existe da mesmíssima forma, apenas com um figurino também mais experiente e velho. A esperança também envelhece, torna-se mais amena, mais tranquila, perde ímpeto, perde força. Se perde às vezes. É espetacular comparar fotos.

Compare as fotos de seus amigos, lembre-se dos discursos deles em tempos de colégio, em rodas de conversa na praia, em viagens de final de semana. Você certamente deverá lembrar de alguns. Abra os olhos para o hoje, esqueça qualquer viagem temporal. Perceba como a mutabilidade das coisas lhe tira quase que todas as opções. Muitas vezes não importa o que você quer.

Importa o que você faz.

Uns morrem. Outros se casam. Outros encontram o emprego dos sonhos naquele momento. Outros se martirizam, outros vivem um dia de cada vez, outros tem sonhos de filme americano. Outros não são nada disso. É incrível e angustiante perceber como as coisas mudam no intervalo de menos de uma década. Sufoca o peito ver como tudo parece diferente à sua volta. E você precisa conviver com novidades que passariam desapercebidas em outros momentos, mas que hoje se fazem presentes de maneira relevante.

 Como você se julgava perfeito ao ouvir uma música, ao fazer uma cesta no jogo de basquete, ou a falar inglês. Como você se julgava perfeito por saber determinada temática mais que as outras pessoas. Como você não conhecia a arrogância, e como se julgava idiota depois de ser apresentado à ela. Como você se julgava.

Como você se julga?

Hoje nos despimos muito pouco de nossos fantasmas e esperanças. Deveríamos, mesmo que por um breve momento, ficarmos nus de todas as coisas. Desgraças, traumas, aspirações, sonhos, objetivos. Sermos apenas carne pensante daquele momento. Não focar, perder o foco. Apenas sentir, não pensar. Dar uma folga pra esperança.

Deveríamos isso. Deveríamos aquilo. Deveríamos isto.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

On The Run

O que procuramos? O que almejamos durante toda a nossa vida? Quantos e quantos sonhos que temos e que julgamos serem fixos até o di de nossa morte, não mudam com o decorrer dos dias, chegando ao fato de os julgarmos sem sentido tempos depois?

Corremos o tempo todo, muitas vezes sem nem olhar para os lados, perdemos histórias, oportunidades de sorrir, chances de abrir um novo caminho na trajetória. Perdemos sorrisos, perdemos lágrimas. Perdemos de sentir. Corremos muito, buscando aquilo que às vezes não precisamos sequer dar um passo para receber.

Geralmente fazemos uma pausa. Respiramos, mas não conseguimos fugir da onda. Tossimos um pouco, às vezes engasgamos. Mas sempre voltamos ao caminho.

Muitas vezes, ao andarmos na rua, olharmos para o rosto de determinadas pessoas e sentimos alguma afeição para com eles, alguma espécie de relação de intimidade que não podemos explicar, porque não a temos. São pessoas que, provavelmente, você nunca mais irá ver, e que certamente fariam alguma diferença na sua vida. Mas não podemos ir atrás e perguntar, pois o imenso superego social e nossos próprios receios nos mandam voltar a caminhar. A correr, na verdade. Por isso, as pessoas “que param” vivem em uma montanha russa muito maior – e muito mais contagiante – do que a maioria das pessoas que sempre correm. Temos vários tipos de amores a nossa disposição, mas a maioria deles ficará sem ser despertado, porque todos vivem nessa espécie de prisão interna.

Seguramos amores por vergonha, medo, ou pior: na crença que não dará certo. Voltamos a correr. Todos correm. É um eterno looping. A partida destas pessoas que nunca chegaram “a chegar” chega a ser tão absurda, quanto não-dolorosa. A indiferença é assassina, elas nunca sequer entrarão nas nossas vidas. Perdemos muita coisa, será? Perdemos de ver um rosto sem aquela névoa cinza que envolve a todos nós. Quase todos. Aquela névoa que transforma a todos em pinturas antigas, desbotados, com distorções.

Somos distorcidos por nós mesmos. Não somos completos por covardia.

Em vez de ficarmos sentados, - só - olhando para o mar, na beira da praia, deveríamos olhar as pessoas. Fitá-las como fazemos com o mar, com uma estátua, com um animal de estimação bonito. Deveríamos correr atrás de quem pode fazer a diferença. E isso é o mais maravilhoso.

Pode ser qualquer um. Deve ser qualquer um.

Não precisamos parar de correr. Precisamos começar a olhar.