quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Dunk-o-matic

Aluno: Professor, o senhor jogou basquete já?
Professor: Já, por 5 anos.
Aluno: Quimintiratronxaducarai!
Professor, cheio de soberba: Pega a bola e tenta fazer cesta em cima de mim.

O aluno vai, toma 3 tocos humilhantes e desiste.
O professor fala: Quem sabe na próxima sexta, hein?

Ele até agora não sacou a piada. Jovens...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Writing a letter.

Danilo sempre via sua vida sob a ótica de filmes, queria que todo o universo que o rodeasse na "vida real" tivesse aquele tom noir, nostálgico. Viver em eterno clima de nostalgia fazia uma confusão agradável na sua cabeça. Parecia que ele tinha saudades de coisas que nunca tinha vivido, mas ao mesmo tempo sabia exatamente como se sentia naquelas mesmas situações. Parecia que andava sempre sem nunca colocar os pés no chão. Com um saxofone na mente, ouvindo melodias de filmes que passam de madrugada, na Globo, e aquele sorriso sacana de jazzista negro e gordo da Louisiana.

A tentativa de universo noir sempre esbarrava na modernidade técnica e tecnológica do cotidiano de Danilo. Ele encarava a nostalgia como algo que não poderia ser vivida nos dias de hoje. Pelo menos não o modelo que ele idealizava e queria para si mesmo. Aquele, dos filmes. Queria porque queria ser escritor. Queria ter um estilo de comportamento que não cabia nele. Ele queria ser visto por outros de uma maneira diametralmente oposta ao que acontecia. Não conseguia se encaixar, se encontrar. Por isso, se danava a escrever em blogs de internet da vida. Paralelamente a isso, usando personagens marcantes (pra ele) de filmes como modelos de atitudes, de sonhos, comportamentos.

Foi num desses filmes que ele viu um personagem que andava com um pequeno bloco de anotações na bolsa. Sempre que pensava em algo que julgasse interessante, tirava o bloco da mochila, anotava rapidamente 3 ou 4 frases e guardava de novo. Isso várias vezes ao dia e em qualquer lugar. Tinha acumulado vários blocos desses, que ficavam na sua casa, em seu armário, e seus amigos não tinham idéia de que ele tinha essas coisas. Viviam numa realidade completamente diferente da dele.

"O Danilo tá sempre olhando pro nada, escrevendo.", disse Jamal.
- É doidera.

Ele sempre desconversava. Não sabia exatamente para onde os textos iriam levá-lo, e não se preocupava muito com aquilo. Existiam perguntas fundamentais da vida de qualquer pessoa dentro daqueles blocos. Mas ele não sabia aonde - e nem se iria - achar as respostas. Algumas questões se repetiam há anos, apenas com novas roupagens, novos motivos. Mas as mesmas perguntas.

Não havia culpados.

Enquanto as respostas não vinham, ele fechava os olhos e fugia dali. Pensava no seu mundo e preto e branco, com aquela chuva fina que não molhava, apenas dava o clima dos anos 1950 de Al Capone e Sinatra, e um gato em cima do muro. Na esquina, aquele negão gordo, com o saxofone ou trompete, tocando há oras, mas sem suar, com um anel imenso no dedo mindinho, e bigodinho raspado, a lá porteiro. E ele era o único que se molhava com a chuva. Tudo era motivo de sorrisos complacentes. De contemplação.

"Danilo, vai aonde nessa chuva?" Perguntou Jamal.
- Por aí, não torra.



domingo, 5 de dezembro de 2010

5, 4, 3, 2, 1?

É muito triste quando você, ao começar a pensar com calma, percebe que não superou em nada suas antigas deficiências ou defeitos, estes que tanto atrapalharam você com o passar de seus anos.Você, por ter menos tempo para pensar e refletir, graças ao corre-corre do mundo dito “moderno”, achava que havia se livrado dos mais diversos fantasmas e falhas em sua essência. Mas é só ter um pouco de momento para pensar, para ver, e não apenas olhar, e você consegue identificar todas as velhas coisas. Todas as características que fizeram você ser conhecido por seus amigos, e que você tanto odiou por anos e anos, porque elas sempre fizeram você sofrer, sempre magoaram você. Mas elas estão sempre lá. Não foram embora, como você imaginava. Você não as venceu, se é que existiu alguma vez alguma batalha sendo travada.

E aquele discurso bonito, que você sempre apregoou para os outros, de que as pessoas não conseguem fugir à essência; ou que temos de aprender a conviver com nossas limitações e defeitos, para aí sim progredirmos, não funciona para você. Pelo menos não funcionou até agora. Mas aquele outro discurso de auto-piedade também é tão chato e piegas que já saiu de moda há muito tempo. Não faz mais parte do seu vocabulário desde quando você começou a perder cabelo, por volta dos 17, 18 anos.

Você não tem nem mais paciência e saco para pensar se o que você tenta eliminar de si mesmo é essência, é defeito; destino, ou qualquer outra convenção social idiota dessas. Mas que, de um jeito ou de outro, segue dentro de você de maneira ininterrupta. Afora os poetas, que devem achar isso o máximo, dói muito não poder ser como se quer. E isso escapa de qualquer “consumismo sentimental” ou “social”. Dói não conseguir ser amado como queria e, por conseqüência, dói não conseguir transmitir o amor que você sabe que tem dentro de si. Afinal, ainda não cheguei no ápice psicológico de ser uma ONG sentimental. Todos precisam receber para doar. Todos, de um jeito ou de outro, precisam sentir. Não sei e acho que nunca saberei se o meu modo de amar e gostar vem sendo deturpado com o passar dos anos, e isso é outra coisa que traz cansaço. Cansaço é algo que também está sempre presente. Parece que de tanto pensar sozinho, que de tanto buscar respostas para perguntas que mudam a cada segundo mas que, em seu cerne, todas são uma só, sofre-se de uma fadiga mental e social que não cessa. É exatamente isso que eu sinto ao me achar menos do que eu poderia ser. Amar menos do que eu poderia amar. Proporcionar mais felicidade, e não meros segundos de sorrisos superficiais. Mesmo que esses parcos segundos sejam aqueles que vêm me sustentando há anos.

Àqueles que sempre se julgam diferentes da maioria, ou ainda àqueles que dizem que farão diferente quando chegar a sua hora, eu digo para seguirem com esses pensamentos, pois no final das contas são muito poucos os que conseguem fazer isso. É necessário ter uma humildade animalesca, quase que sobre-humana para se chegar em tal ponto.

Você não consegue achar sentido em praticamente nada. Atualmente, apenas uma coisa tem suprido a condição de existir, que é a quadra de basquete. E é por isso que eu a persigo onde quer que eu vá, em qualquer oportunidade que eu tenha. É pouco, é muito pouco para uma pessoa se manter acreditando em algo. De repente tudo pareceu muito pequeno, e parece que eu, covardemente, também fui engolido por essa pequenez, e perdi as forças e a vontade lutar contra essa corrente que parece ter sido criada dentro de minha própria mente.

Acho tudo superficial demais, e os momentos de profundidade que estão gravados em minha memória parecem tão tolos e tão distantes que mal posso tocá-los ou vê-los com alguma clareza. É uma vontade de gritar, gritar, gritar, gritar. De sentir felicidade. Os parcos sorrisos que proporciono aos outros parecem poucos também pra mim. Sempre pareceram.

sábado, 4 de dezembro de 2010

A descoberta da Donzela.

Podem chamar de comportamento ranzinza, mau gosto, enfim, mas eu, ao longo dos 10 anos que escuto Metal (e todas as suas vertentes) ininterruptamente, sempre tive birra com o Iron Maiden. Sempre achei uma banda extremamente supervalorizada em relação a sua história, suas músicas, seus álbuns. Achava todos os riffs de Gers, Murray e Smith exatamente idênticos, com o passar dos seus 35 anos de carreira, em todas as músicas. Resumidamente, considerava a banda uma modinha interminável, que sobrevivia de músicas farofa feito Number of The Beast e Fear of The Dark. Até rolou o Rock In Rio, de 2001, no Rio de Janeiro, e a Globo passou o show da donzela de ferro na íntegra, sem cortes. A coisa começou a mudar.

O que vi que acontecia era um tremendo desconhecimento a respeito do passado da banda. Ouvi músicas que eram clássicos absolutos para o resto do mundo, e para mim eram músicas "novas". Descobri que havia vida por trás do número da besta e do medo do escuro. Comecei a enxergar a banda com um pouco mais de apreço. Virou uma-banda-boa-que-escutava-em-casa. E assim se passaram vários anos. O Maiden pra mim continuava supervalorizado. Ouvi todos os álbuns, me identifiquei com algumas músicas, tive algumas favoritas, etc. Principalmente do Brave New World, de 2000, que fora tocado a exaustão no Rock in Rio, e que pra mim é o último grande CD da banda.

Em 2009 o grupo anunciou show no Recife. O instinto de ver uma das bandas que é sinônimo do termo "Heavy Metal" me levou a comprar o ingresso e ir pro show, pra dizer que "eu tinha visto o Maiden". Aconteceu muito mais. Uma experiência sobrenatural, nunca igualada em qualquer outro show que eu tenha ido. Cantei todas as músicas, chorei em algumas delas, saí rouco, e assim fiquei por 6 dias. Cantando, relembrando. O Maiden estava, pra mim, finalmente, como estava para 90% dos fãs de Heavy Metal há décadas: num pedestal. Pouco importa se só lança CDs medíocres há alguns anos. A história está fincada. O legado, eterno.

2010 começa com o anúncio da banda de outro show no Recife. 2011, 3 de Abril. E eu desde já, sofro da ansiedade de ver aquela que, sem dúvida, será lembrada na música enquanto houver... Música. O show, pra mim, terá um contexto completamente diferente. Quero apenas entrar e gritar:

Up the Irons!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

You watch the world exploding every single night

Constantes tentativas de batalhas contra a essência. Seguidas ilusões de que se pode ser quem não se é. Atitudes típicas de um perfeito idiota.

Aquele contexto épico, típico de filmes de Ridley Scott com trilha sonora de Hans Zimmer, ou Howard Shore. Sempre a derrota. Ou sempre aquele tapa de luva que faz você acordar para a realidade.

Existe a chamada evolução? Acomete a todos?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Escalas de trajetórias.

Aquele ano que você julgava perdido, sem qualquer atrativo ou motivo para ser lembrado quando você tivesse 80 ou 90 anos e estivesse tomando papa na cozinha, teima em lhe dar tapas no rosto. Você vivia reclamando do excesso de tempo. Agora, perdeu seu tempo precioso e estimado de reclamações inócuas. Aquele rapazote com sonhos fáceis, que viu a realidade difícil se perdeu dentro dela e dos desabafos, limpou a sujeira dos joelhos, por ter ficado muito tempo ajoelhado e choramingando, e levantou-se. Não dá mais tempo de ficar ajoelhado. Temos de correr. Corra, Mau, corra.

Mesmo sem bater nenhum recorde nas primeiras corridas, pode-se perceber claramente que os resultados aparecem depois de certo treinamento. Podemos perder um pouco do fôlego em determinado momento, mais que compreensível. Afinal, viramos profissionais nesse negócio tem muito pouco tempo. Não é como ter bate papo metafórico, coisa que você já é extremamente experiente, e que virou sua carapaça-all-moment. É novidade. E o novo é #tenso. Por definição, é impossível prever o imprevisto.

Mas a sensação de conseguir algo por seu mérito é indescritível. Mesmo que quando a emoção espontânea passe depois de algum momento, e apareça aquela racionalização chata e impertinente, tornando seu feito pequeno, fica na memória a sensação de ter conseguido. Aquela emoção pura, que escapa direto do ID Freudiano. É bom pra caralho.

Obrigado, 2010. Por tudo. Você está no hall.

domingo, 24 de outubro de 2010

Forever-In-mind

Existem certas imagens que, a princípio, são completamente irrelevantes sob qualquer ponto de vista, mas que ficam na nossa cabeça, de uma maneira inexplicável. Quando foi lançado o filme Minority Report, com Tom Cruise, eu me lembro claramente de ter visto um banner do filme, que mostrava Tom Cruise numa espécie de carro, em altíssima velocidade, aparentemente desviando de vidros (ou balas, ou espinhos, wtf), e com um corte na maçã do rosto.

Desde então, quando eu paro pra pensar na vida (coisa que ocorre quase que diariamente), eu sempre faço uma analogia com essa maldita imagem. Sempre penso que viver é exatamente como naquele banner: Tudo acontece muito rápido, e uma parte muito importante que todos precisamos fazer é desviar com a máxima habilidade dos obstáculos, sob a pena de levarmos um tombo feio. O processo é ininterrupto, desde que tomamos consciência de que temos de ser "alguém" na vida, para termos um "futuro" e todos os clichês desenvolvimentistas que passamos a vida escutando e incutimos em nossos pensamentos.

Mas correr o tempo todo cansa, e é inevitável que certas vezes tomemos quedas. Esse "correr" está longe de significar o corriqueiro conceito do termo. Podemos correr ficando 2 horas dentro de um ônibus, parados em um engarrafamento simplesmente porque a prefeitura incompetente de uma cidade em desenvolvimento resolveu recapear a pista em horário comercial. Todos temos objetivos, todos temos horários, compromissos, mas o maldito operário, que só faz seu trabalho está lá, metendo o piche. Mas isso não tira sua vontade de dar um tiro na cabeça dele e seguir em frente, para fazer qualquer coisa que você iria.

Um obstáculo claro está em não infartar de revolta por ter de andar quase 50km por dia para ganhar uma miséria, mas que é ao mesmo tempo uma fortuna incalculável na sua mão. Bem, calculável é, deixemos de exageros.

O legal é que, quando assistimos aquelas maratonas enfadonhas na televisão, sempre existem aqueles postos com água ou isotônicos. Pois bem, é só ser rápido e conseguir pegar um desses sem se cortar com os vidros, ou balas, enfim, você entendeu.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Triunfo da vontade.

"É um erro grave partir do pressuposto de que apenas pessoas más são capazes de fazer maldades. Uma das características marcantes de muitos líderes nacional-socialistas é que, na intimidade, eram pessoas maravilhosas. 'As mesmos pessoas que beijavam amorosamente seus filhos pela manhã eram capazes de matar a golpes ou com gás alguns judeus apenas algumas horas mais tarde', diz Simon Wiesenthal. Diz ainda que este reconhecimento é um só tempo terrível e fundamental, pois 'só quem compreendeu isso sabe que a maldade habita a maioria das pessoas e pode irromper a qualquer momento".

Isso vale para qualquer tipo de pessoa. E para qualquer tipo de maldade.

sábado, 16 de outubro de 2010

Lá e de volta outra vez.

É uma banda que causa sensações extremistas nas pessoas. Ou você gosta, GOSTA, ou a considera completamente irrelevante no cenário musical. Se você acha Nirvana uma bosta, sem sal, e considera Kurt Cobain um mané, pare de ler esse post aqui, nesse parágrafo. Se você se interessa, continue, padawan.


Era o ano de 1994, e a MTV começava a investir no campo dos shows acústicos, que tempos depois de tornariam marca registrada da emissora. Era a vez do Nirvana, na época a maior banda de Rock do planeta, com o vocalista/guitarrista/frontam mais polêmico e carismático desde muito tempo, Kurt. A carreira da banda já estava mais do que consolidada, passando a mesma a aparecer mais por causa dos rumores do vício cada vez mais pesado de Kurt em heroína, e de seu tempestuoso relacionamento com Courtney Love.

O fato é que, mesmo se você não gostar do Nirvana, é necessário reconhecer a parcela de contribuição absurda que a banda promoveu na música e, especialmente, no Rock. Existem bandas grandes dentro de um determinado estilo. Aquelas que marcam época. Mas muito poucas são reconhecidas por fundar um novo estilo, exatamente em virtude da dimensão que tal feito complexo acarreta. O Nirvana, junto com outras bandas de Seattle, fundou o que é chamado de Grunge. Um estilo de vida, que englobava a música dentro de si. O unplugged MTV foi a cereja no bolo de uma das maiores bandas da história da música.

Kurt, apesar de decepcionar 100% dos fãs por não construir uma versão acústica de Smells Like Teen Spirit (por motivos óbvios) buscou interpretações bastante intimistas das músicas escolhidas para o set list, com algumas inclusive sendo raramente tocadas ao vivo, e desconhecidas de fãs mais desavisados. Interpretações como a da genial Plateau, onde a música é praticamente declamada, ou em Lake Of Fire, onde fica patente a deterioração da voz do vocalista, são atestados de feeling. Fora as obviedades em Polly e Comes as You Are, o disco teve sacadas excelentes, como cover de The Man Who Sold the World, de David Bowie, além de um bom relacionamento de Kurt com a plateia. Fato raro.

Mas sem a menor dúvida o maior destaque do CD e, na minha opinião, a maior interpretação musical da carreira de Kurt Cobain, é a última música do acústico, chamda "Where Did You Sleep Last Night", tradicional música Folk americana, de 1870. Além do impressionante sincronismo do vocal com a música, deixando cada espectador estatelado (isso pode ser visto no DVD do acústico), a última frase da música, que Kurt tira do final da garganta, tendo de respirar depois, e esbugalhar os olhos para terminá-la, ficou conhecida como o último suspiro desse que foi um dos maiores artistas musicais de todos os tempos.

Não é possível passar indiferente ao Nirvana, e esse acústico MTV é de uma potência sem precedentes até hoje. Se você não tem saco de ver/ouvir todo, busque a última música no youtube, e preste atenção ao final da canção. Veja o último suspiro de um mito, e o final de um monstro do Rock. O disco foi lançado meses depois da morte de Kurt. Um marco. Uma monstruosidade de feeling, intimismo e força.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pelinhos nas axilas.

Um dia, rapaz, você irá acordar achando que certas coisas podem ser diferentes, e que todo aquele escarcéu que você fez durante anos e anos, em virtude da permanência exagerada das coisas, não passou simplesmente de uma estúpida ansiedade jovem. Um dia você irá se julgar mais maduro, mais resistente às lapadas que a vida lhe deu e lhe dá, às mudanças e decepções que você vive e viveu.

Você vai saber conviver melhor com aquela sensação espetacular de conseguir atingir um objetivo, e tentará alcançar a satisfação não apenas em perseguir metas, mas em vivenciar a conquista. Você vai tentar aprender a controlar aquela estranha sensação que aparece em nossas mentes, insinuando que tudo foi mais fácil do que pensamos, depois que conquistamos. Um dia você vai parar pra pensar e ver a quantidade de merdas que você falou, e vai confrontar isso com a sensação de maturidade e sapiência que estranhamente passavam pela sua cabeça na oportunidade em questão.

Depois de conseguir essas coisas, olha pra frente. Deixa de ser mané.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Next dream, please?

“’Quando os mortos choram, é porque estão começando a se recuperar’, disse o corvo em tom solene.

“’Lamento ter de refutar meu amigo e colega ilustre’, disse a coruja, ‘ mas, no que me diz respeito, creio que quando os mortos choram, significa que não querem morrer’ “.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O difícil fim.

Quem conversa durante 10 minutos comigo, consegue saber de 90% da minha vida. Ela não têm muitas aventuras, nem nada mirabolante. Talvez algumas piadas engraçadas, algumas mentiras muito bem arquitetadas e que já viraram verdades, e desabafos sobre coisas que para o resto do mundo podem parecer inócuos, porque eu os faço parecer assim. Mas na realidade, não são. Outra coisa que as pessoas sabem sobre mim, depois desses mesmos 10 minutos, é que amo filmes. E os filmes que amo, são porque foram importantes em minha vida, e trouxeram algum tipo de contribuição. Me mudaram como pessoa, ou me inspiraram, ou ficam tanto tempo na minha memória que chega a doer. São atemporais. Alguns eu chamo de "ótimos filmes ruins". Um deles é a hexalogia de Rocky.


Depois de mais de 2 anos de seu lançamento, finalmente eu assisti o sexto e último filme da série, no box que adquiri, outro sonho antigo meu. E parece que, assim como para o personagem, um ciclo também se encerrou pra mim. É sensacional como as coisas são engraçadas. Eu, aos 24 anos, consegui essa semana meu primeiro emprego com carteira assinada, iniciando uma nova fase na vida. Usando as palavras de Rocky... "não importa o quão forte você bate, e sim o quanto você consegue apanhar, para tentar de novo". Pode parecer infantil dar tanto cartaz à produções que muitos consideram trash ou "B". Bem, não pra mim.

Sempre ficará amrcado na minha cabeça o relacionamento entre Rocky e Mickey, seu primeiro treinador e, para mim, uma figura completamente à parte nos três primeiros filmes. O amor raivoso e estimulante que ele tinha por Rocky, sua determinação em formá-lo, acima de tudo, como pessoa, e sua parceria total e absoluta são exemplos que levarei para toda a minha vida. No primeiro filme isso fica patente, naquela que deve ser uma das cenas mais lindas dos 6 filmes.


A amizade entre Rocky e Apollo, que depois de realizarem lutas memoráveis, com honra, transgrediram para o campo de amizade, quase uma irmandade. Algo puro, sem segredos, amarras e com a possibilidade de dizerem tudo cara a cara, sem artimanhas. O amor entre Rocky e Adrian, que segue intacto durante todas as produções, até mesmo na última, quando a grande atriz Talia Shire não aparece. Mais uma vez, cumplicidade, parceria, respeito. Amor. A luta brutal entre ele e Drago, recheada de ufanismo, sendo que nem isso conseguiu diminuir a força da produção, que é considerada por muitos a melhor dos 6 filmes. Não pra mim. Os dois primeiros filmes são completamente insuperáveis, na minha concepção.


O retrato de como nossa vida pode mudar e nos levar a rumos que tínhamos certeza não serem possíveis. O aparecimento de pessoas que, na hora, você julga serem passageiras e completamente sem relevância, e que aos poucos vão se firmando como imprescindíveis e sempre presentes em sua vida. Esses 6 filmes de Sylvester Stallone mostram tudo isso, em maior ou menor intensidade. Acima de tudo, a força de nunca desistir, de sempre conseguir apanhar um pouco mais para se levantar.



Rocky Balboa não é Sylvester Stallone. Ele conseguiu transplantar seu próprio criador. É algo único, mítico na história do cinema, e incomensurável para seus fãs, que conseguem ver muito mais do que 1 hora e quarenta minutos de chavões e socos. Consegue ser uma retrospectiva de coisas que ainda não vivemos, mas que sabemos como podemos administrar, pois tivemos o "exemplo".


90% das vezes que comentei sobre Rocky com meus amigos, foi em tom de brincadeira. Tudo papo. Me emocionou, emociona e sempre tirarei lições dos filmes. Vejo quantas vezes posso. Com o final do sexto filme, sempre fica a torcida para que Stallone consiga criar mais uma idéia mirabolante e fazer mais um, mais um, mais um. Mas acabou, e parece que fechou-se uma porta na minha vida. Uma gloriosa porta. Para esse round, o sino soou. Sem dor. Sem dor. Sem dor!


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"Quando criança, queria ser um taxista"



"Twelve hours of work and I still can't sleep. Damn. Days go on and on. They don't end."

Minha alma gêmea não poderia estar em outro lugar, senão no cinema. Um falso herói. Um anti-herói de si mesmo.

Pow. Pow. Pow.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fate.

Os poetas e cineastas têm um dom que deveria ser repartido com toda a humanidade. Eles conseguem produzir a beleza dentro da desgraça. Conseguem construir o lúdico dentro da apatia. Mesmo que essas pessoas sejam, muitas vezes, as que mais têm problemas internos ou angústias.

Ocorre a mesma coisa com os comediantes. A maioria dos grandes comediantes ao longo da história teve um fim trágico, quando não uma vida particular massacrante e medíocre, sem grandes realizações.

Produzir a beleza dentro da tragédia. Destino dos grandes.

sábado, 24 de julho de 2010

"Uma estação da perfeição da fé"

“Às vezes, quando é difícil pegar o ritmo da escrita, é necessário usar as palavras de outra pessoa. Quando você começar a sentir as suas próprias palavras fluindo, continue por si mesmo.”

Perder a família nos força a encontrar a nossa família. Nem sempre é a família de sangue, mas sim a que pode vir a se tornar. E, se formos sábios a ponto de abrir a porta para essa nova família, descobriremos que o anseio que outrora tivemos pelo pai, que outrora nos guiou; pelo irmão, que outrora nos inspirou; pela mãe, que outrora nos acolheu; podem ser reencontrados em locais que, aparentemente pensávamos ser não usuais.

O valor de um verdadeiro amor pode ser apreendido e aprendido de forma forte, inesperada. Muitas vezes tem uma importância decisiva em nossas vidas. O amor guia nosso caminho, guia nossos sonhos. O amor pleno. A integridade e o respeito que uma amizade nos proporciona, e que fica acima de qualquer revés ou obstáculo, são características e sentimentos que todos devemos buscar atingir.

Em diversas oportunidades, parece que adentramos em buracos negros, onde tudo parece se perder ou se distanciar de nós. Ficamos sozinhos. Parece que fomos abandonados por todo tipo de entidade positiva que antes fazia parte de nossas vidas. Dentro do buraco negro, até a luz é consumida pela densidade infinita do ambiente. Mas até lá, onde tudo parece escuro, a luz tem de vir de algum lugar. Até nesses antros de escuridão, existe alguma espécie de saída. E ela está nas pequenas coisas, nos pequenos sorrisos, nas reuniões, nas rodas de conversa, nos beijos. Nos abraços. Naquela falta de necessidade que temos de saber como estão todos, por sentirmos dentro de nós, que todos estão bem.

Apesar de sempre provarmos o sabor da dúvida e da dor, nunca nos esquecemos de como é gostoso o sabor da felicidade e do prazer. De como é deliciosa a textura do sorriso dos outros. E de como isso consegue nos encaixar no mundo, de como conseguimos “entrar”.

É de se admirar como a beleza está em gestos solúveis, e de como, ainda sim, não conseguimos nos acostumar com ela.

Mark Twain já disse que “o homem é o único animal que cora, ou que deixa corar”. E disse isso com uma intenção depreciativa, usando a vergonha como algo nocivo, um pseudo-arrependimento por ter feito algo de errado, fato que muitas vezes acontece.

Mas o fato de corar torna o homem um ser único, juntamente com sua integração em grupos, não através apenas de um objetivo comum, e sim da amizade e integridade. E, em virtude disso, de como temos outro ponto primordial: Temos ídolos; ícones; exemplos. Dos mais variados modelos e situações.

Reencontrar nossa família, ou melhor, reencontrar nosso motivo para sorrir é algo que não deve ser desperdiçado. Quando se anda através de um túnel escuro, não se deve imaginar que ele é um local sujo, frio, sem alma. E sim, pensar nele como uma imensa noite. Negra, estrelada, com o vento cortante, que trás lembranças, muitas vezes, de coisas que nunca foram vividas, mas que ainda sim estão em nossa memória.

Quando as folhas do outono começam a cair e a inundar o chão com uma mancha amarelada, não é sinal de morte. É sinal de renovação, de recomeço. Mas não é possível recomeçar totalmente do zero. Sempre ficam fantasmas, marcas. Em nossos rostos, em nossas almas. Mas isso, no entanto, não quer dizer que as coisas não possam dar certo. Aquela paisagem aparentemente morta, esconde toda uma esperança que está apenas de fortalecendo, para aparecer.

No fim das contas, se não deixarmos a esperança e a felicidade entrarem de novo, o máximo que poderemos dizer, no futuro, será... “Quisera eu ter feito. Quisera eu ter realizado aquilo... Quisera eu, quisera, quisera, quisera, quisera...”

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dream Theater - The Glass Prison

Sabe aquelas músicas que formam sua personalidade? Pronto. Que fique claro: Dream Theater é fraquíssimo. Mas essa música é genialidade pura. Diz coisas demais.

The Glass Prison

I. REFLECTION

Cunning, Baffling, Powerful
Been beaten to a pulp
Vigorous, Irresistable
Sick and tired and laid low
Dominating, Invincible
Black-out, loss of control
Overwhelming, Unquenchable
I'm powerless, have to let go

I can't escape it
It leaves me frail and worn
Can no longer take it
Senses tattered and torn

Hopeless surrender
Obsession's got me beat
Losing the will to live
Admitting complete defeat

Fatal Descent
Spinning around
I've gone too far
To turn back round

Desperate attempt
Stop the progression
At any length
Lift this obsession

Crawling to my glass prison
A place where no one knows
My secret lonely world begins

So much safer here
A place where I can go
To forget about my daily sins

Life here in my glass prison
A place I once called home
Fall in nocturnal bliss again

Chasing a long lost friend
I no longer can control
Just waiting for this hopelessness to end


II. RESTORATION

Run - fast from the wreckage of the past
A shattered glass prison wall behind me
Fight - past walking through the ashes
A distant oasis before me

Cry - desperate crawling on my knees
Begging God to please stop the insanity
Help me - I'm trying to believe
Stop wallowing in my own self pity

"We've been waiting for you my friend
The writing's been on the wall
All it takes is a little faith
You know you're the same as us all"

Help me - I can't break out this prison all alone
Save me - I'm drowning and I'm hopeless on my own
Heal me - I can't restore my sanity alone

Enter the door
Desperate
Fighting no more
Help me restore
To my sanity
At this temple of hope

I need to learn
Teach me how
Sorrow to burn
Help me return
To humanity
I'll be fearless and thorough
To enter this temple of hope

Believe
Transcend the pain
Living the life
Humility
Opened my eyes
This new odyssey
Of rigorous honesty

Serenity
I never knew
Soundness of mind
Helped me to find
Courage to change
All the things that I can

"We'll help you perform this miracle
But you must set your past free
You dug the hole, but you can't bury your sole
Open your mind and you'll see"

Help me - I can't break out this prison all alone
Save me - I'm drowning and I'm hopeless on my own
Heal me - I can't restore my sanity alone


III. REVELATION

Way off in the distance I saw a door
I tried to open
I tried forcing with all of my will and still
The door wouldn't open

Unable to trust in my faith
I turned and walked away
I looked around, felt a chill in the air
Took my will and turned it over

The glass prison which once held me is now gone
A long lost fortress
Armed only with liberty
And the key of my willingness

Fell down on my knees and prayed
"Thy will be done"
I turned around, saw a light shining through
The door was wide open

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Runaway II

Depois de várias e várias tentativas de se encontrarem no lago, o encontro dos dois deu uma esfriada. Mas a vida tratou de juntá-los de novo. Um deles estava no ônibus, se encaminhando para uma tarefa que ele julgava essencial, por era desempregado e precisava se apegar em alguma coisa, quando o outro subiu no mesmo busão. Logo um acenou para o outro, e sentaram-se no mesmo banco.

Um deles olhou e perguntou: E aí, já descobriu o que precisa fazer para ser amado como realmente quer? É você mesmo quem tem que achar essa resposta. Nem que ficássemos o tempo todo na frente daquele lago, eu poderia ter dito alguma coisa de relevante.

Como a viagem do ônibus ainda estava no começo, o outro ficou mais a vontade para falar com mais calma. Isso era importante para ele. Não queria correr o risco de ser mal interpretado. Ele disse que tinha pensado muito naquela pergunta nos últimos dias, e achava que finalmente tinha encontrado a resposta, ou pelo menos o começo dela. Falava que, antes de tudo, ele tinha que resolver um grande problema interno dele, com relação ao relacionamento que tinha com os sentimentos.

Continuou falando que ele tinha o dom (ou a maldição) de sentir coisas muito fortes por determinados períodos de tempo muito curtos. Conseguia amar alguém, ou sentir uma vontade incontrolável de ter determinada pessoa do seu lado, e que depois de alguns minutos ou horas, isso retrosceder de forma que ele considerava anormal, errada, injusta. Ele falava que isso o deixava confuso, porque se sentia dividido entre muitas pessoas, e não conseguia entender como nunca havia encontrado outras pessoas na mesma situação.

Continuou falando que ninguém o entendia, exatamente pelo motivo que disse anteriormente. Se considerava, infelizmente, único. Pelo menos até aquele momento de sua vida. Dizia que tinha rompantes de sentimento muito fortes. Podia amar alguém intensamente, e logo depois isso se evaporar, como água fervente. Com a evaporação do sentimento, iam embora também todas as vontades de ficar ao lado de uma determinada pessoa, ou de querer fazê-la feliz. Nas suas palavras, ele passava de um amante honesto, solicito, companheiro, para um conhecido com um sorriso educado no rosto. Sentia-se como se estivesse atirando milhares de anzóis no mar, torcendo para que um peixe mordesse qualquer um deles. Obtendo isso, ele esqueceria todos os outros anzóis. Não considerava isso certo. Achava que estava com algum problema. Segundo ele, ele amava demais, por curtos períodos de tempo.

"A não ser que isso não seja amor", indagou o companheiro. "Você pode simplesmente estar em busca de algo que simplesmente não sabe o que é, por não ter vivido sua plenitude, e..."

Antes de terminar a frase, ele foi interrompido pelo amigo. Interrompeu-o dizendo que exatamente por já ter vivido isso, ele sabia exatamente o que era, e quando se manifestava. E que o que parecia era que ele via vários "prospectos" a sua frente, e tentava decidir qual era o que parecia mais promissor. Sentia-se mal por isso. Sentia-se desrespeitando as pessoas e, acima de tudo, a ele mesmo. Apesar de achar que esse era um caminho interessante para poder responder aquela pergunta, lá do começo, continuava se sentindo perdido.

"Encontrar nosso próprio caminho é mais difícil do que qualquer coisa, companheiro. Isso é encontrar felicidade."

O ônibus foi quase expresso. Motorista tava atrasado e enfiou o pé. Marcaram, de novo, o lago.