sábado, 24 de julho de 2010

"Uma estação da perfeição da fé"

“Às vezes, quando é difícil pegar o ritmo da escrita, é necessário usar as palavras de outra pessoa. Quando você começar a sentir as suas próprias palavras fluindo, continue por si mesmo.”

Perder a família nos força a encontrar a nossa família. Nem sempre é a família de sangue, mas sim a que pode vir a se tornar. E, se formos sábios a ponto de abrir a porta para essa nova família, descobriremos que o anseio que outrora tivemos pelo pai, que outrora nos guiou; pelo irmão, que outrora nos inspirou; pela mãe, que outrora nos acolheu; podem ser reencontrados em locais que, aparentemente pensávamos ser não usuais.

O valor de um verdadeiro amor pode ser apreendido e aprendido de forma forte, inesperada. Muitas vezes tem uma importância decisiva em nossas vidas. O amor guia nosso caminho, guia nossos sonhos. O amor pleno. A integridade e o respeito que uma amizade nos proporciona, e que fica acima de qualquer revés ou obstáculo, são características e sentimentos que todos devemos buscar atingir.

Em diversas oportunidades, parece que adentramos em buracos negros, onde tudo parece se perder ou se distanciar de nós. Ficamos sozinhos. Parece que fomos abandonados por todo tipo de entidade positiva que antes fazia parte de nossas vidas. Dentro do buraco negro, até a luz é consumida pela densidade infinita do ambiente. Mas até lá, onde tudo parece escuro, a luz tem de vir de algum lugar. Até nesses antros de escuridão, existe alguma espécie de saída. E ela está nas pequenas coisas, nos pequenos sorrisos, nas reuniões, nas rodas de conversa, nos beijos. Nos abraços. Naquela falta de necessidade que temos de saber como estão todos, por sentirmos dentro de nós, que todos estão bem.

Apesar de sempre provarmos o sabor da dúvida e da dor, nunca nos esquecemos de como é gostoso o sabor da felicidade e do prazer. De como é deliciosa a textura do sorriso dos outros. E de como isso consegue nos encaixar no mundo, de como conseguimos “entrar”.

É de se admirar como a beleza está em gestos solúveis, e de como, ainda sim, não conseguimos nos acostumar com ela.

Mark Twain já disse que “o homem é o único animal que cora, ou que deixa corar”. E disse isso com uma intenção depreciativa, usando a vergonha como algo nocivo, um pseudo-arrependimento por ter feito algo de errado, fato que muitas vezes acontece.

Mas o fato de corar torna o homem um ser único, juntamente com sua integração em grupos, não através apenas de um objetivo comum, e sim da amizade e integridade. E, em virtude disso, de como temos outro ponto primordial: Temos ídolos; ícones; exemplos. Dos mais variados modelos e situações.

Reencontrar nossa família, ou melhor, reencontrar nosso motivo para sorrir é algo que não deve ser desperdiçado. Quando se anda através de um túnel escuro, não se deve imaginar que ele é um local sujo, frio, sem alma. E sim, pensar nele como uma imensa noite. Negra, estrelada, com o vento cortante, que trás lembranças, muitas vezes, de coisas que nunca foram vividas, mas que ainda sim estão em nossa memória.

Quando as folhas do outono começam a cair e a inundar o chão com uma mancha amarelada, não é sinal de morte. É sinal de renovação, de recomeço. Mas não é possível recomeçar totalmente do zero. Sempre ficam fantasmas, marcas. Em nossos rostos, em nossas almas. Mas isso, no entanto, não quer dizer que as coisas não possam dar certo. Aquela paisagem aparentemente morta, esconde toda uma esperança que está apenas de fortalecendo, para aparecer.

No fim das contas, se não deixarmos a esperança e a felicidade entrarem de novo, o máximo que poderemos dizer, no futuro, será... “Quisera eu ter feito. Quisera eu ter realizado aquilo... Quisera eu, quisera, quisera, quisera, quisera...”

2 comentários:

  1. O pior é quando não aceitamos a felicidade...

    Não tenho nada pra falar, já falasse tudo! =D

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  2. ...afinal, o lamento não muda nada, certo?
    hahahha

    texto lindo, profundo e intenso, Mau! *-* gosto disso. :)

    ;*

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