domingo, 5 de dezembro de 2010

5, 4, 3, 2, 1?

É muito triste quando você, ao começar a pensar com calma, percebe que não superou em nada suas antigas deficiências ou defeitos, estes que tanto atrapalharam você com o passar de seus anos.Você, por ter menos tempo para pensar e refletir, graças ao corre-corre do mundo dito “moderno”, achava que havia se livrado dos mais diversos fantasmas e falhas em sua essência. Mas é só ter um pouco de momento para pensar, para ver, e não apenas olhar, e você consegue identificar todas as velhas coisas. Todas as características que fizeram você ser conhecido por seus amigos, e que você tanto odiou por anos e anos, porque elas sempre fizeram você sofrer, sempre magoaram você. Mas elas estão sempre lá. Não foram embora, como você imaginava. Você não as venceu, se é que existiu alguma vez alguma batalha sendo travada.

E aquele discurso bonito, que você sempre apregoou para os outros, de que as pessoas não conseguem fugir à essência; ou que temos de aprender a conviver com nossas limitações e defeitos, para aí sim progredirmos, não funciona para você. Pelo menos não funcionou até agora. Mas aquele outro discurso de auto-piedade também é tão chato e piegas que já saiu de moda há muito tempo. Não faz mais parte do seu vocabulário desde quando você começou a perder cabelo, por volta dos 17, 18 anos.

Você não tem nem mais paciência e saco para pensar se o que você tenta eliminar de si mesmo é essência, é defeito; destino, ou qualquer outra convenção social idiota dessas. Mas que, de um jeito ou de outro, segue dentro de você de maneira ininterrupta. Afora os poetas, que devem achar isso o máximo, dói muito não poder ser como se quer. E isso escapa de qualquer “consumismo sentimental” ou “social”. Dói não conseguir ser amado como queria e, por conseqüência, dói não conseguir transmitir o amor que você sabe que tem dentro de si. Afinal, ainda não cheguei no ápice psicológico de ser uma ONG sentimental. Todos precisam receber para doar. Todos, de um jeito ou de outro, precisam sentir. Não sei e acho que nunca saberei se o meu modo de amar e gostar vem sendo deturpado com o passar dos anos, e isso é outra coisa que traz cansaço. Cansaço é algo que também está sempre presente. Parece que de tanto pensar sozinho, que de tanto buscar respostas para perguntas que mudam a cada segundo mas que, em seu cerne, todas são uma só, sofre-se de uma fadiga mental e social que não cessa. É exatamente isso que eu sinto ao me achar menos do que eu poderia ser. Amar menos do que eu poderia amar. Proporcionar mais felicidade, e não meros segundos de sorrisos superficiais. Mesmo que esses parcos segundos sejam aqueles que vêm me sustentando há anos.

Àqueles que sempre se julgam diferentes da maioria, ou ainda àqueles que dizem que farão diferente quando chegar a sua hora, eu digo para seguirem com esses pensamentos, pois no final das contas são muito poucos os que conseguem fazer isso. É necessário ter uma humildade animalesca, quase que sobre-humana para se chegar em tal ponto.

Você não consegue achar sentido em praticamente nada. Atualmente, apenas uma coisa tem suprido a condição de existir, que é a quadra de basquete. E é por isso que eu a persigo onde quer que eu vá, em qualquer oportunidade que eu tenha. É pouco, é muito pouco para uma pessoa se manter acreditando em algo. De repente tudo pareceu muito pequeno, e parece que eu, covardemente, também fui engolido por essa pequenez, e perdi as forças e a vontade lutar contra essa corrente que parece ter sido criada dentro de minha própria mente.

Acho tudo superficial demais, e os momentos de profundidade que estão gravados em minha memória parecem tão tolos e tão distantes que mal posso tocá-los ou vê-los com alguma clareza. É uma vontade de gritar, gritar, gritar, gritar. De sentir felicidade. Os parcos sorrisos que proporciono aos outros parecem poucos também pra mim. Sempre pareceram.

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