sábado, 6 de junho de 2009

To be Melancholic.

Passa-se a tarde aconselhando outro. Passa-se a tarde ouvindo problemas, cansaço, lamentações. Passa-se a tarde sentindo-se útil, e tentando pensar que ainda existe alguma coisa boa. Mas aquela maldita esperança teima em não morrer. Você se sente cada vez mais vivo quando as pessoas dão importância à sua falta e ao que você tem a dizer. Mas parece que nunca é o suficiente.

A casa do outro, onde se passou a tarde, fica perto daqui. Voltei andando para a minha. No meio da caminhada, cai uma chuva forte. Olhei para os lados, em todas as direções, e não havia absolutamente ninguém. O dia estava cinza. As calçadas faziam barulho ao se encontrar com as gotas d'água. Ninguém nas varandas, ninguém em lugar nenhum. Todos pareciam que tinham simplesmente desaparecido pra mim. Tudo de propósito.

Decidi esperar a chuva cair sobre meus ombros, e andei exatamente na mesma velocidade que o fazia antes de começar a chover. Parece que a água lava a morte que carregamos dentro de nós e nos da uma centelha de, se não de ânimo, de reflexão. E se refletimos, é porque ainda existe alguma coisa para ser pensada. Ou seja: Existe algo para se lutar.

A chuva, num dia cinza, com 4 árvores num raio de visão, e os mais diversos arranha-céus ao meu redor deram um toque cinematográfico em cena. Eu estava ouvindo música, através dos meus headphones. Estava ouvindo Jazz. Miles Davis. Aquele maldito trompete, tocando

Me senti onde sempre quis estar, e do modo que quis estar: Me senti num local onde não havia ninguém, e ninguém sabia que eu estava ali, exceto uma pessoa, a que acha que eu a ajudei. Foi muito, muito estranho, mas ao mesmo tempo, inesquecível ouvir o trompete do Miles Davis, enquanto uma gotícula se formava na ponta do meu nariz, e ficava lá até eu soprar, com um biquinho.

Era tudo perfeito.

Eu me sentia feliz daquele jeito.

Aquele clima de filme de detetive dos anos 1970.

Só faltou a neblina. Mas não deu tempo dela aparecer, eu cheguei em casa antes.

E assim começou Junho. Literalmente, o meu mês.

6 comentários:

  1. se refletimos, é porque ainda existe alguma coisa para ser pensada. de fato. =D e chuva é uma experiência de nirvana quase, de fato.

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  2. Como diria Gentileza, o profeta: gentileza gera gentileza. Nada como lembrar para ser lembrado. A chuva pode ter sido um 'obrigado'.

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  3. lendo isso, me lembrou uma música de Muse.

    Feeling Good, procura a letra.

    (que bom que começou junho!)

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  4. ah.
    sua escrita evoluindo com o tempo. lindo de ver, lindo mesmo.

    =)

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  5. HAHAHA

    Tu é tão claro quanto a chuva que cai.às vezes queria te conhecer menos =P

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  6. "Parece que a água lava a morte que carregamos dentro de nós e nos da uma centelha de, se não de ânimo, de reflexão."

    http://letras.terra.com.br/engenheiros-do-hawaii/45713/

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