sábado, 16 de maio de 2009

Boom.

Don't you forget what I've told you

So many years

We are hopeless and slaves to our fears

We're an accident called human beings

 

(...)

 

It's a prison for dreams and for hopes
And still we believe there is God

 

Ouvindo essa obra-prima do Blackfield agora, com a cabeça enfiada no travesseiro, pensando em coisas que marcaram a minha vida, e somando-as com uma das conversas mais próximas da realidade, da honestidade, que tive há algumas horas, eu tento fazer fluir pelos meus dedos a eterna explosão de sentimentos contraditórios que tomam conta da minha cabeça há, pelo menos, 4 anos. 

 

Eu sinto dentro de mim uma raiva represada. Sinto raiva pela injustiça praticada pelo mundo, Deus, natureza; a merda que for e do que quiserem chamar. Não é desculpa para meus erros ou enganos, que, sem dúvida, contrubuíram e contribuem para o meu constante estado de questionamento e insatisfação com as coisas e com as pessoas. 

 

Tento sempre abrir a mente para o que considero boas influências de situações e pessoas que confio e gosto. Mas parece um remédio anti-inflamatório. A dor passa por algumas horas, e depois volta, reclamando seu lugar dentro da minha cabeça. Eu sinto uma dor dentro de mim que simplesmente não passa. Ela diminui, parece sumir por determinados instantes, mas depois volta. Some quando estou perto de pessoas que amo, ou de situações que me fazem bem, ou simplesmente apenas me enganam, tentando camuflar para mim mesmo a minha verdadeira natureza: Que as coisas são e serão assim.

 

De novo, não considero de maneira alguma que estou de mãos atadas e derrotado, até porque se pensasse assim, esse texto nem estaria sendo feito. É apenas mais uma tentativa de achar uma resposta. De tentar entender a injustiça das pessoas para consigo mesmas e com os outros. É uma busca, que se tornou desesperada com o tempo, de tentar encontrar alguma explicação. Mas pasmem, ela simplesmente não existe. Como, de fato, não existe justiça, não existe recompensa, não existe compensação, nem nenhum desses outros sentimentos/fatos reconfortantes ou que possam inebriar as pessoas ou enche-las de auto-piedade.

 

Eu sempre tive um fortíssimo sentimento de auto-piedade. Sempre achei que boa parte do "mundo" conspirava contra mim. Sempre achei que havia uma injustiça tramada por Deus ou qualquer outra dessas merdas acerca das minhas ações. Simplesmente não era possível pra mim acreditar em qualquer outra hipótese. Pois bem. É possível. É o real.

 

As coisas simplesmente acontecem. Os problemas aparecem; os sucessos ocorrem. Óbvio que temos intensa participação em cada um desses acontecimentos, mas, quando as coisas simplesmente não querem acontecer, não importa o esforço. Não existe merecimento. Não existe nada que possa reconfortar. Existe apenas a seca e crua realidade que se apresenta na sua frente. Deve ser por isso que existiram, existem e existirão tantos poetas e escritores em geral, na História da humanidade. É sempre uma necessidade de se pensar algo diferente. Algo bom.

 

Arte, por um conceito que estou criando enquanto escrevo essas porcarias, é uma forma de idealização da realidade. Ideal. Sonho. Utopia. Plano.

 

E, apesar de tudo isso, eu não consigo deixar de acreditar no amor. Acredito que ele, e apenas ele, consegue mudar a visão pessimista que eu tenho de tudo, todos, e de mim mesmo, claro. Acredito porque vivo o amor em doses pequenas e homeopáticas, que servem apenas para fazer um cócega. Mas, apenas isso é suficiente para mostrar sua força destruidora, no bom sentido. Somos destroçados por uma onda de sorrisos, esperança e fé. 

 

Mas, mais uma vez, não há merecimento. O projeto é continuar vivendo. E, se possível, com um pouco mais de esperança e otimismo do que eu tenho. 

 

We're dead but pretend we're alive
Full of ignorance, fools in disguise.

 

Eu queria muito que esse texto tivesse um quê de realidade e honestidade maior do que todos que eu já postei aqui. Queria realmente tentar passar o turbilhão que é a minha mente,  vinte e quatro horas por dia, todos os dias. E que realmente não é fácil ser Maurício de Miranda Penedo, por todo o meu jeito de ser, e nas crenças que eu tenho. Em pessoas, em sentimentos, e em tudo. É difícil manter a fé que eu mantenho. 

Apesar de levar tantos tapas, me decepcionar tanto comigo mesmo e com as pessoas, eu tento acreditar em qualquer merda que seja.

 

Tenho preferido ficar sozinho e pensar e pensar. Nada de diferente do que eu fizer agora irá ajudar alguém ou alguma coisa. Não consigo mais reter minhas mentiras. Não consigo. 

 

Quero levar um grande cala-a-boca da vida.

 

2 comentários:

  1. Eu fico impressionado com sua capacidade de transmitir em palvras os sentimentos. Quem dera o dia que venha a ter 50% da sua capacidade de escreve, meu grande amigo!

    ResponderExcluir
  2. Velho, quando eu era adolescentezinho, eu sempre tive na cabeça a ideia de que eu fazia parte de um "Show de Truman" particular. Eu noiei quando assisti aquele filme, e passei a achar que as pessoas não conviviam comigo e, sim, atuavam. Eu via isso nos olhos dela. Mas acho que passou.

    "(A dor) Some quando estou perto de pessoas que amo, ou de situações que me fazem bem". Isso é bem verdade. Hoje eu sei o que é não ter uma vida, aqui. As pessoas queridas fazem uma falta terrível na vida da pessoa. É quase um vício, a única forma de nos sentirmos bem.

    O amor é perigoso. Não sei se ele faz bem ou se ficamos mal porque ele acaba.

    ResponderExcluir