terça-feira, 28 de agosto de 2012

O crachá

A realização de um sonho consiste em várias etapas. O sentimento que se tem ao realizá-lo, também. Quando se conquista algo que se tentou por uma vida inteira, se sente um vazio dentro. É o clássico ditado que "perseguir é mais prazeroso que conquistar". Mas esse vazio é compensando muitas vezes com desdobramentos do sonho realizado.

Existem alegrias abstratas, como a felicidade que simplesmente se sente ao saber que se conquistou algo. É muito interessante, também, que algo concreto pode ser usado como prova da realização. Ao entrar no Diario de Pernambuco como estagiário da editoria de esportes, tive a certeza que realizaria dois sonhos extremamente bestas: o de dizer "estou na redação" e o de usar o crachá do jornal, com minha foto nele.

Apesar de estar no Diario desde o dia três de julho, só agora recebi o crachá. E não se pode ter vergonha de dizer o que se sente ao sentir algo tão grande. Ao pegá-lo, analisei-o todo: o material, o prendedor, o colar que o prende. Fiquei olhando, definitivamente admirando aquilo que, para um veterano no jornal, pode ser a coisa mais banal do mundo. Não pra mim.

Uma das pessoas que mais admiro no meio do Jornalismo me disse assim que eu entrei para o jornal: "você é a prova de que esforço e trabalho duro valem a pena." E ver aquele crachá na minha mão, com minha foto e o nome "imprensa" embaixo suscitou uma série de sentimentos. Promoveu na minha cabeça uma série de lembranças de tudo que passei até chegar neste posto. E de como tudo é, de fato, muito pequeno frente ao que sentimos quando estamos felizes.

Pegar aquele crachá e colocá-lo no meu pescoço me fez sentir muito perto de ser uma pessoa completa. Infelizmente são poucos os que tem a felicidade de realizar seus sonhos. E eu, por alguns poucos segundos, saí do chão. Logo voltei, pois tinha trabalho para terminar. Manter o crachá no peito é muito difícil, e sempre que chego em casa e o retiro, o faço com cuidado.

O cuidado e apego que tenho para com ele é o mesmo que tenho com outros sonhos que ainda não realizei. O crachá representa algo não palpável. Aquele tipo de sensação que só um sorriso ou uma lágrima - ou os dois - pode explicar. Ser chamado de Jornalista pode ser bom para o ego, mas saber que você está, de fato, se tornando um, é ainda melhor.

Olhar para o crachá e virar-se para esquerda, observando toda a imensa redação do Diario de Pernambuco, me fez sentir parte da engrenagem. Me sentir vivo. Todos, absolutamente todos temos lembranças que se tornaram atemporais. Geralmente só nos damos conta delas tempos depois. Não desta vez. Ter esse crachá comigo vai me fazer lembrar que, esforço, raça e trabalho duro fazem sim a diferença. Não para arrumar um emprego. Nem que seja dos sonhos. Mas para ser feliz.

O crachá é de Jornalista do Diario. Tem a minha foto. Só entenderá quem sonha. É olhar e pensar: eu consegui. E isso é algo raro, difícil e muitas vezes enganoso. Mas não consegui sozinho. Muitos, muitos aprenderam comigo e não aguentaram. O sonho é de todos.

Se no Jornal não tem crédito, eu tenho aqui. De sobra,.



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