sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dica de Filme: O Julgamento de Nuremberg

Não tem jeito. Desde meus tempos de escola, até o término de minha faculdade, o tema que mais me fascina e intriga, entre todos, é a ascensão e a representação do Nazismo, bem como o carisma e a psicologia do Terceiro Reich. Nada atrai mais minha atenção de como atitudes como a Solução Final foram tomadas, e passaram pelo crivo de toda uma nação dita civilizada. O promotor norte-americano do Julgamento de Nuremberg, Robert Jackson, à época do Julgamento, disse que "talvez a civilização esteja ultrapassada". É um ponto a se pensar.

A outra dica de filme que dei aqui, nesse blog, foi o meu primeiro post, há mais de um ano. Aqui vai outra: O Julgamento de Nuremberg, a última versão feita, que conta com Alec Baldwin no papel do promotor norte-americano. O filme não trata especificamente do julgamento como um todo, até porque teria de ter horas e horas de duração, e assim não seria atrativo comercialmente, mas tenta dar uma geral sobre o comportamento e os feitos de cada um dos representantes nazistas julgados.

O foco principal, sem dúvida, é em Herman Göring, marechal da força aérea alemã, e segundo na ordem da poder do partido nazista, atrás apenas de Adolf Hitler. A interpretação perfeita de Brian Cox, no papel de Göring, é sem dúvida o ponto mais alto da produção. Demonstra a excelente oralidade do alemão para fascinar e dominar grandes platéias, atestando o motivo de Göring ser considerado o "pai espiritual" do partido nazista. A ironia fina e a inteligência acima da média, que são retratadas no filme, mostram como Göring controlou todo o julgamento por alguns momentos, levando a considerar-se a possibilidade dos réus serem absolvidos. A atuação de Cox é tão espetacular, que não se sabe, ao ver o filme, que é o protagonista e quem é o antagonista, tamanho o carisma da personagem.

Alec Baldwin se sai muitíssimo bem no papel do promotor, que, na realidade, foi o principal responsável pela efetivação do julgamento, que, naquela época, era único nos anais da jurisprudência. O ator sai-se bem, excetuando-se algumas caras e bocas típicos de um norte-americano-de-filme-sedento-por-justiça. Sua atuação é segura no geral.

O que mais chama a atenção, além do trabalho dos atores, é a ambientação do julgamento, além da caracterização dos demais réus, menos importantes no filme. Ernst Kaltenbrunner, por exemplo, que foi o chefe do escritório de segurança do Reich, é representado por um ator parecidíssimo com ele na vida real. A semelhança dos outros réus é absurda, trazendo um tom de veracidade ainda maior ao filme. A disposição do tribunal também seguiu a risca o que foi feito na Nuremberg assolada pela Segunda Guerra, inclusive a saída dos réus, uma portinhola logo atrás de suas cadeiras, para evitar que tivessem qualquer contato com as demais pessoas dentro do salão.

Um filme fiel, acima de tudo. Uma fonte inesgotável de informações e discussões. Além de diálogos memoráveis, como a frase de Göring em especial, para o psicólogo oficial do exército dos Estados Unidos: "Em cinquenta anos vai haver estátuas de Herman Göring por toda a Alemanha. Ainda há muito trabalho a ser feito. E marque minhas palavras: Ele será feito".


Filmaço.

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