sábado, 14 de maio de 2011

Paths.

Por vezes se sonha estar a beira de um penhasco muito alto, com os aondas do mar batendo cada vez mais forte nas pedras, na base do monolito. Ao mesmo tempo em que o fim de tudo pode estar a distância de um passo infalso, também se sente a total liberdade, ao se sentar a beira do nada e sentir o vento cortar o rosto e pentear os cabelos, fazendo os olhos se fecharem automaticamente, para que possamos ver apenas o que queremos, em nossos sonhos e aspirações. Quando fechamos os olhos, entramos numa dimensão completamente nossa, e ao mesmo tempo, aberta a tudo e todos. Conseguimos ver, nitidamente, o infinito.




Nossos ouvidos conseguem traduzir da forma que queremos o encontro das águas com a base do penhasco. Inclusive o barulho que a água faz ao retroceder, para apenas alguns segundos depois, tentar mais uma vez avançar contra o rochedo. Pode-se imaginar tudo em cima das sensações que temos. E quando aquela gota d'água, numa trajetória que você mesmo julgaria impossível até alguns segundos atrás, consegue se deslocar da massa gigantesca de água e correr até o seu rosto, na beira do penhasco, você sorri, fica surpreso, retira a gota com o seu dedo, e a olha. Nada pode ser mais difícil que aquilo.

Ao seu lado, no penhasco, existe uma pedra solta. Você a pega, levanta-se e joga no mar, com toda a sua força. Enquanto ela voa, você imagina onde ela cairá, em que posição ficará embaixo d'água. E se alguém, algum dia, irá encostar naquela pedra de novo. E o que sentirá quando resgatar aquele resto de penhasco do fundo do mar. Será que aquela pessoa sequer suspeitará que essa miserável pedra foi fruto de uma reflexão de boteco por parte de outra pessoa, anos antes, do alto daquele penhasco que está à sua frente? E o que será que aquela pedra viu, passando tantos anos submersa?

Você jogou a pedra no mar. Depois virou-se, limpou os restos de poeira que ficaram na calça, e voltou pra casa pra almoçar.

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