sábado, 14 de maio de 2011

Paths.

Por vezes se sonha estar a beira de um penhasco muito alto, com os aondas do mar batendo cada vez mais forte nas pedras, na base do monolito. Ao mesmo tempo em que o fim de tudo pode estar a distância de um passo infalso, também se sente a total liberdade, ao se sentar a beira do nada e sentir o vento cortar o rosto e pentear os cabelos, fazendo os olhos se fecharem automaticamente, para que possamos ver apenas o que queremos, em nossos sonhos e aspirações. Quando fechamos os olhos, entramos numa dimensão completamente nossa, e ao mesmo tempo, aberta a tudo e todos. Conseguimos ver, nitidamente, o infinito.




Nossos ouvidos conseguem traduzir da forma que queremos o encontro das águas com a base do penhasco. Inclusive o barulho que a água faz ao retroceder, para apenas alguns segundos depois, tentar mais uma vez avançar contra o rochedo. Pode-se imaginar tudo em cima das sensações que temos. E quando aquela gota d'água, numa trajetória que você mesmo julgaria impossível até alguns segundos atrás, consegue se deslocar da massa gigantesca de água e correr até o seu rosto, na beira do penhasco, você sorri, fica surpreso, retira a gota com o seu dedo, e a olha. Nada pode ser mais difícil que aquilo.

Ao seu lado, no penhasco, existe uma pedra solta. Você a pega, levanta-se e joga no mar, com toda a sua força. Enquanto ela voa, você imagina onde ela cairá, em que posição ficará embaixo d'água. E se alguém, algum dia, irá encostar naquela pedra de novo. E o que sentirá quando resgatar aquele resto de penhasco do fundo do mar. Será que aquela pessoa sequer suspeitará que essa miserável pedra foi fruto de uma reflexão de boteco por parte de outra pessoa, anos antes, do alto daquele penhasco que está à sua frente? E o que será que aquela pedra viu, passando tantos anos submersa?

Você jogou a pedra no mar. Depois virou-se, limpou os restos de poeira que ficaram na calça, e voltou pra casa pra almoçar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Racism: A History

Mais uma recomendação audiovisual.

A BBC é famosa mundialmente por produzir os melhores documentários do planeta, usados pelas mais diversas redes de televisão. Tanto na parte técnica quanto nos temas abordados, a rede estatal inglesa está muito a frente até mesmo de TVs pagas, como o Discovery e a National Geographic, por exemplo.



Há tempos não via documentários da BBC, até que um me chamou a atenção e o assisti. "Racism: A History". O que o documentário tenta é produzir uma retrospectiva de como o conceito de racismo foi institucionalizado na sociedade, principalmente na sociedade ocidental, desde os primórdios da chamada "civilização".

Passando pelos Gregos, até o início do conceito propriamente dito, nos séculos XV, XVII, através dos célebres debates de Bartolomé de Las Casas e Sepúlveda, atravessando o Imperialismo Europeu e as diversas atrocidades esquecidas ou camufladas ao longo da história, provando que a burocracia da morte do nazismo não foi um aborto, e sim o resultado de um sem-número de casos, que a História oficial prefere ocultar.

O documentário é dividido em 3 partes, de 58 minutos cada uma, onde ocorre realmente uma retrospectiva cronológica, com entrevistas e debates realizados com professores e estudiosos das melhores universidades européias e africanas. São entrevistados desde professores eméritos de Harvard, passando por professores Adjuntos da Universidade de Chicago, até escritos e estudiosos da Namíbia e Serra Leoa.

Ótimo material, tanto para leigos quanto professores.

Esse documentário prova, mais uma vez, que a História da humanidade nada mais é do que um amontoado de acontecimentos e histórias especificamente escolhidos e colados para justificar atitudes.