A solidão é algo muito forte. Às vezes é um sentimento. Em outras oportunidades é uma condição. Mas sempre muito difícil de controlar, e ainda mais complicado de se administrar e conviver. Imagine um deserto em formato circular. Um círculo perfeito. E agora imagine que você foi solto exatamente no centro dessa círculo. O deserto é árido, seco, pedregoso. E você começa a andar, sem saber o quê está, de fato, procurando. Com o tempo, o sol forte começa a castigar sua pele e, em especial, as maçãs do rosto e seus lábios.
Os lábios começam a ficar excessivamente ressecados, e com a aridez do ambiente, racham e sangram. Você continua a andar de forma ininterrupta, sempre em frente. Oui pelo menos você pensa que está indo em frente. Ir para onde quiser, no meio desse deserto é, em teoria, a única liberdade de escolha que você possui. Suas maçãs do rosto começam a arder de forma regular. Ardem, como se seu rosto inteiro estivesse sendo queimado por um maçarico.
No meio da caminhada, você começa a observar os morros que o circundam. São como canions, e você está dentro do vale, abaixo deles. No alto dos canions, você consegue ver claramente várias mesas e cadeiras, todas muito bem decoradas, com toalhas de renda, e outras com toalhas de seda. Os pratos e talheres que estão em cima das mesas estão usados. Restos de comida, e alguns até com tapurus e outros bichos. Parece que há muito tempo ninguém senta naquelas mesas. É como se você tivesse chegado atrasado em um encontro. Muito atrasado.
Andando sempre em frente, você consegue deixar o vale. Os canions ficaram para trás. O que está a sua frente agora é o total "nada". Uma imensa planície, que você não consegue ver o fim com seus olhos. É tudo absolutamente e irritantemente plano. Fora algumas pedras pelo solo, e a sensação de que o horizonte está queimando logo mais a sua frente, é tudo idêntico. De repente, lhe dá saudade dos canions, que estavam se tornando boas companhias de caminhada. Até isso você perdeu. Terá de se acostumar com as pedras.
Seus sapatos ficaram para trás. Você não consegue mais fechar a boca, totalmente cortada pelo calor. A sola dos seus pés não ardem mais. Criou-se uma espécie de crosta de dormência que evita qualquer dor ou incômodo maior. Você todo está em estado de dormência, ao ponto de conseguir se divertir ao olhar o horizonte "queimando". Você começa a se habituar com sua caminhada infinita e ininterrupta, e começa a tirar dali o que você considera bom, no meio daquele imenso vácuo.
A seguir, você começa a conversar consigo mesmo em voz alta. A conversa apenas em pensamento já não é mais suficiente. Você precisa ouvir sua própria voz, por quê começa a duvidar se ainda se lembra como ela soava antigamente. Falando só, esquecendo-se das horríveis dores na boca, você segue andando, agora em farrapos. Sorri para os abutres que aparecem logo acima de você, e puxa papo com eles também.
Ninguém jamais respondeu.
Os lábios começam a ficar excessivamente ressecados, e com a aridez do ambiente, racham e sangram. Você continua a andar de forma ininterrupta, sempre em frente. Oui pelo menos você pensa que está indo em frente. Ir para onde quiser, no meio desse deserto é, em teoria, a única liberdade de escolha que você possui. Suas maçãs do rosto começam a arder de forma regular. Ardem, como se seu rosto inteiro estivesse sendo queimado por um maçarico.
No meio da caminhada, você começa a observar os morros que o circundam. São como canions, e você está dentro do vale, abaixo deles. No alto dos canions, você consegue ver claramente várias mesas e cadeiras, todas muito bem decoradas, com toalhas de renda, e outras com toalhas de seda. Os pratos e talheres que estão em cima das mesas estão usados. Restos de comida, e alguns até com tapurus e outros bichos. Parece que há muito tempo ninguém senta naquelas mesas. É como se você tivesse chegado atrasado em um encontro. Muito atrasado.
Andando sempre em frente, você consegue deixar o vale. Os canions ficaram para trás. O que está a sua frente agora é o total "nada". Uma imensa planície, que você não consegue ver o fim com seus olhos. É tudo absolutamente e irritantemente plano. Fora algumas pedras pelo solo, e a sensação de que o horizonte está queimando logo mais a sua frente, é tudo idêntico. De repente, lhe dá saudade dos canions, que estavam se tornando boas companhias de caminhada. Até isso você perdeu. Terá de se acostumar com as pedras.
Seus sapatos ficaram para trás. Você não consegue mais fechar a boca, totalmente cortada pelo calor. A sola dos seus pés não ardem mais. Criou-se uma espécie de crosta de dormência que evita qualquer dor ou incômodo maior. Você todo está em estado de dormência, ao ponto de conseguir se divertir ao olhar o horizonte "queimando". Você começa a se habituar com sua caminhada infinita e ininterrupta, e começa a tirar dali o que você considera bom, no meio daquele imenso vácuo.
A seguir, você começa a conversar consigo mesmo em voz alta. A conversa apenas em pensamento já não é mais suficiente. Você precisa ouvir sua própria voz, por quê começa a duvidar se ainda se lembra como ela soava antigamente. Falando só, esquecendo-se das horríveis dores na boca, você segue andando, agora em farrapos. Sorri para os abutres que aparecem logo acima de você, e puxa papo com eles também.
Ninguém jamais respondeu.
Muito legal a tua visão sobre a solidão, já escrevi um post sobre esse tema também! Minha visão é bem diferente da tua!
ResponderExcluirO post:
http://dremaciel.blogspot.com/2008/09/um-dos-fatores-da-minha-vida-que-eu.html
Vou te por como meus favoritos, gostei demais dos teus textos!