sábado, 20 de fevereiro de 2010

Óticas.

A infinidade de visões que se pode ter de um mesmo problema ou situação torna a vida um caos ordenado impressionante. E quando temos acesso à mais de uma visão diferente, nós percebemos o quão difícil é administrar uma vida, administrar relações e, de certa forma, administrar outras pessoas. A ótica que temos de determinada conjuntura é construída a partir de experiências anteriores e de expectativas que criamos a partir delas.

A gama de varidade é imensa. O que é problema para alguma pessoa, pode não ser para outra, e inclusive pode passar completamente desapercebido na vida desta segunda pessoa. Quando se está "de fora" do furacão, pode-se entender como é sensacional quando algo encaixa, quando as relações humanas conseguem alcançar um ponto de conjunção, de equilíbrio.

Existem pessoas que odeiam formigas. As acham nojentas, por perambularem por locais que não vemos, e de repente elas surgem no seu açucareiro, comendo seu açúcar, com as patas cheias de micróbios e germes. Para outro grupo de pessoas, formiga faz bem pra vista. Mete pra dentro e fica tudo certo. No fim, o fato pode ser encarado de infindáveis maneiras. Mas, se não ocorrer uma conjunção, ele permanece solto, ou é simplesmente esquecido. Ou torna-se, pior ainda, esquecível.

A graça da coisa é que, se existem óticas variadas para enxergar uma situação, existem as mais diversas possibilidades de solucioná-la, se assim for o objetivo, e se for possível, claro. E, na imensa maioria das vezes, a resolução (pode ser) é tão fácil, que a coisa se torna engraçada para quem vê de fora. Pelo menos até um certo ponto. Depois, torna-se melancólica.

O que se retira disso tudo é que a total falta de solidez nas relações atinge, sem pesar, a todos. Absolutamente todos. A coisa se desmancha no ar. O equilíbrio é algo que se busca atingir de uma forma quase que inconsciente.

Ok, chega.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Triumph des Willens.

Eu queria...

.Conseguir escorregar de joelhos por alguns metros num gramado, depois de fazer um gol.
.Fazer um gol.
.Conseguir analisar um disco com propriedade.
.Fazer arroz sem grudar.
.Limpar pratos sem deixar restos de comida na parte de baixo.
.Não sorrir para qualquer pessoa que sorri pra mim.
.Conseguir ser verdadeiro em 100% das situações.
.Ser um bom músico.
.Ser um bom professor de História.
.Conseguir escrever em linha reta no quadro negro.
.Parar de tentar fazer com que minhas tornozeleiras fiquem sempre simétricas.
.Parar de morder meus lábios.
.Fechar a gaveta quando pego alguma roupa.
.Não tirar todo o lençol da cama durante meu sono.
.Ter uma quadra de basquete em casa.
.Ser rico, para ajudar meus pais e o Sport.
.Encontrar um amor.
.Parar de espelhar minha vida nos filmes.
.Aterrisar.
.Entender porque meu bigode é ruivo.
.Parar de ser tão solícito.
.Ter mais cabelo.
.Encarar compromissos de frente.
.Arrumar um emprego.
.Dizer as coisas que tenho vontade, e ser perdoado por isso. Ou não.
.Ser menos justo.
.Ser menos arrogante.
.Entender porque todas as minhas cuecas rasgam.
.Escrever algo bom, e que fizesse sucesso.
.Viver das piadas que eu conto em mesas de farra.
.Ver determinadas pessoas felizes.
.Não ver determinadas pessoas.
.Ser mais comedido em certas situações.
.Voltar no tempo.
.Ser um rockstar.
.Entender as pessoas.
.Sair do mundo virtual.
.Ser feliz.

É muita ambição.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

There was a time.

A idéia de sempre estar presente, para ser notado, soa esquizofrênica para mim agora. O ato de estar sempre presente me tornou banal. William Forrester me disse que eu deveria me resguardar um pouco mais, pelo menos no que diz respeito às minhas histórias e vida pessoal. Assim, talvez, eu parasse de meter os pés pelas mãos a cada 2, 3 dias. Se resguardar não significa se esconder, e sim ter um pouco mais de consciência e racionalidade ao ter certas atitudes. Nos pensamentos, a coisa ainda é bem livre, felizmente.

Sou impulsionado a escrever por cordas vibrantes de uma guitarra, sendo usada para desferir um determinado solo, ou então pelas teclas suaves de um piano melancólico. O fato é que não consigo escrever no silêncio. O silêncio só serve pra mim para pensar. Pensar até minha cabeça aparentemente começar a esquentar, me fazendo parar, virar pro lado e tentar dormir.

Lembro de uma história interessante, que aconteceu há pouco tempo, e que sempre é válvula de escape quando a rodinha fica sem assunto. Estava indo ver um jogo de futebol com uns amigos, e sempre colocamos o carro no estacionamento de um supermercado que, sabendo que nós e outras mil pessoas fazem isso, estipulou o pagamento de R$10,00 de estacionamento, ou o consumo de R$30,00, em forma de compras gerais, dentro do mesmo supermercado, com a comprovação da compra com notas fiscais, na saída do mesmo.

Jogo terminado, e ninguém com disposição para fazer compras, muito menos de organizar uma vaquinha para angariar R$10,00. O que se faz? Entra-se no supermercado em busca de notas fiscais que estivessem pelo chão, abandonadas por pessoas que não cumprissem com sua função de cidadãs e as guardassem por determinado período de tempo naquelas caixinhas de recibos de compras que todos temos em casa.

De repente, um de nós acha um comprovante de compra de R$1699,00. TV de LCD de 32 polegadas, se me lembro bem. Estava resolvida a questão. O maior cara-de-pau do grupo vai dirigindo, tendo a incumbência de entregar a nota de quase R$2000,00 para a moça. Compra essa, em teoria, feita por 5 rapazotes de 23 anos, fedendo a jogo de futebol, todos uniformizados.

"Onde está a TV?"
- Na mala, e eu não lhe devo explicações.

Fomos embora. Rindo pelos cotovelos (e também pelos olhos) e felizes. Essas histórias são únicas.
Achou o post confuso?

Pois bem, é minha vida.