Tudo sempre é muito grande. Tudo sempre não tem solução. Ou achamos que somos pequenos demais para resolver vários dos nossos problemas. Procuramos viver sob regras que foram construídas muito antes de nós, e que acabam se tornando muros, nos intimidando e não nos deixando ver além. Ficamos cheios, cheios de ansiedade, cheios de raiva, cheios de vontade, cheios de força para galgar esses muros. Mas, ao mesmo tempo, colocamos na cabeça que nunca conseguiremos fazer isso, e vivemos num eterno looping de auto-piedade e revolta.
É muito difícil conseguir respirar direito com tanta coisa dentro do peito. é mais complicado ainda conseguir dormir com os tornados que vivem dentro de nossas cabeças. Mas tudo começa a ficar mais fácil - mesmo que 0,5% - quando resolvemos, dentro de nós mesmos, que os tornados podem ser domados, e que podemos expirar o ar. De uma vez só. E que tudo é, na verdade, pequeno demais frente ao sentimento que podemos sentir em determinados momentos de nossas vidas.
Nós temos de ser arrogantes. Afinal, somos maiores que todos os nossos problemas. E não deveríamos deixar ninguém dizer o contrário. Somos maiores que nossos medos, que nossas frustrações. Temos que aprender a usar essas bravatas a nosso favor. Em virtude de elas serem absolutamente verdadeiras. Também somos sempre jovens, pois estamos sempre recomeçando, todos os dias, ao abrirmos os olhos logo de manhã. Nossa continuidade dura até os fechamos de forma definitiva, no final do dia.
Todos os dias começamos mais uma trajetória. Não importa se com as mesmas pessoas (que, por sinal, mudaram do dia que você as viu para este dia) e nos mesmos lugares. Tudo é sempre diferente, tudo sempre recomeça. Você tem sempre que recomeçar. E recomeçar implica em determinação. Viver sempre tentando conseguir o que se planeja força você a se movimentar e pasmem, a conseguir. Esses recomeços serão a coisa mais constante da nossa vida. É por isso que, ao olharmos pra trás, tudo parece tão distante.
É porque está, mesmo.
Uma das maneiras de aproximarmos de nós o que passou é fechando os olhos. É recomeçar dentro do recomeço. Em qualquer momento de nossa vida.
Não temos apenas uma vida. Temos várias. E não fazemos, muitas vezes, ideia de quantas oportunidades sequer percebemos em virtude de acharmos que tudo está tão interligado que não podemos mudar. Este texto não foi feito para fazer sentido, foi feito para apontar que sair das sombras pode ser muito mais fácil do que se imagina, se não ficarmos tão ligados à teoria das bravatas, falada logo acima.
Deveremos fazer o que sentimos ser bom.
Quando esta frase começar a ser colocada em prática, seremos enfim aliados do maior dos muros.
O tempo.