O filme é uma alegoria perfeita do poder que mídia pode ter sobre a opinião pública, de como as mentes das pessoas são constantemente manipuladas por aqueles que são os “fabricantes” da informação dita “oficial”. A manipulação e condução da palavra; do discurso; da “verdade”, nos coloca em frente a frente com nossas próprias crenças, e percebemos como somos volúveis a estímulos externos, como uma entrevista conduzida visando determinado objetivo, como salvar a honra de alguém, por exemplo; ou, ao contrário, depreciar uma pessoa. É isso que o filme “O Quarto Poder”, do premiado diretor Costa Gravas, mostra.
O filme retrata como a mídia pode condicionar a opinião de uma nação inteira, visando atingir determinada meta. No caso retratado do filme, a busca cada vez maior por audiência. Abrangendo conceitos como ética e imparcialidade, “O Quarto Poder” demonstra que pessoas “comuns” estão completamente sujeitas a uma pequena elite formadora de opinião, e que a chamada “opinião pública” não passaria de uma imensa massa de manobra na mão desses poucos mandatários da informação.
No filme, um ex-segurança de museu é demitido, sob a alegação do corte de gastos da administração. Transtornado, ele tenta falar com a diretora do museu, intimidando-a com uma arma e explosivos guardados em uma bolsa. Nesse meio-tempo, um grupo de crianças visitava o local, sendo envolvidas na situação. O ex-segurança tranca a si mesmo, e aos outros citados dentro do museu. Ao mesmo tempo, um jornalista, que estava ali para realizar uma matéria de pouco apelo, vê-se, dentro do banheiro do museu, envolvido naquela que pode ser a maior história de sua carreira. O que se vê depois daí é a sociedade norte-americana mobilizada hora no apoio, hora no desagrado das ações do ex-segurança, e de como o repórter, alegoricamente representando a força da mídia, conduz a reportagem de maneira objetiva, com fins de um aumento maior de audiência, não se importando verdadeiramente com a segurança das crianças, nem mesmo com a sua, ou ainda com a resolução do problema.
Mostrando que a busca por objetivos e manipulação está muitas vezes acima de conceitos morais, o filme atesta como estamos completamente vulneráveis e de que a busca por informação de qualidade e idônea (estes também conceitos extremamente complexos nesse âmbito) pode se tornar uma corrida extremamente estafante e neurótica. Em quem confiar? Como acreditar em informações e instituições? A quem elas estão arraigadas? Um filme, realmente, que faz pensar.